Todas as atenções do Festival Future Places 2011 estavam postas no co-fundador do Pirate Bay, Peter Sunde, que, na sua primeira vez em Portugal, se juntou à ativista Elizabeth Stark para falar sobre políticas de pirataria.

Pouco passava das 14h30 do último sábado quando Peter Sunde cumprimentava a plateia que encheu o auditório da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP). Descontraído, descalçou-se e, num tom muito informal, começou por falar do seu primeiro contacto com os computadores e com a pirataria. Lembrou que, com 9 anos, copiava conteúdos dos seus amigos e era a única maneira de obter ficheiros. Na altura, ninguém falava de direitos de autor.

O site Pirate Bay foi criado com o intuito de “dar às pessoas acesso a mais informação”.
As cartas que lhes eram enviadas – especialmente de organismos americanos – a acusá-los de práticas criminais eram sempre respondidas com o objetivo de lutar pela legalidade dos copyrights. E é por isso que Sunde luta até hoje.

Peter criou, juntamente, com outras personalidades como Frederik Neij ou Gottfrid Svartholm Warg, a plataforma em 2008 2003, mas apenas em 2009 foi lançada a versão beta. A sua principal função foi a de partilhar torrents que possibilitassem não só a cópia mas também a partilha de ficheiros. Como consequência, Peter refere que oportunidade de todos os utilizadores passaram a ter um acesso facilitado a conteúdos “básicos” como músicas e filmes.

É de lembrar também que, por se tratar de um site com conteúdo suscetível de vários motins, Peter, assim como os seus colaboradores, enfrentaram vários problemas com a justiça. Um desses acontecimentos remete para uma invasão policial à empresa onde se encontram os servidores do The Pirate Bay que, por momentos, ficaram sob a alçada das autoridades.

Flattr

“O negócio mudou e temos que aprender a adaptar-nos”. Esta é a premissa para o novo projeto de Sunde. O Flattr é uma plataforma alternativa para os downloads gratuitos, onde cada utilizador possui uma conta e um orçamento, do qual uma quota-parte é repartida por cada download feito.

Segundo Peter, a indústria musical viveu quase sempre dos concertos. “Quando apareceram os estúdios de gravação, os artistas reclamaram, pois as pessoas iriam deixar de ir a concertos. Isso não aconteceu e havia mais gente a assistir a música ao vivo. Quando apareceu a rádio, aconteceu a mesma coisa com os mesmos resultados”, diz. Peter afirma que a história acabou sempre por se repetir, até que “apareceu a Internet, que permitiu a democratização.”

Free Culture Movement

Elizabeth Stark apresentou um currículo invejável e é ativista no Free Culture Movement, um movimento começado por jovens estudantes da Universidade de Harvard, onde se formou em Direito. Defende a pirataria ao diferenciar a cópia do roubo: “Uma cópia não interfere na propriedade física, ou seja, o ficheiro copiado é duplicado e o proprietário original não deixa de o ter para que outra pessoa possa tê-lo”.

Sobre as penas aplicadas aos downloads ilegais, Stark mostra o site sarcástico criado pelos amigos, Freebieber, uma petição para condenar o artista Justin Bieber a pena de prisão por fazer upload de vídeos seus no Youtube a cantar músicas R&B com direitos de autor, antes de se tornar uma estrela pop em ascensão.