É início de tarde de sexta-feira e, no extremo da Via del Corso, uma rua retilínea com cerca de um quilómetro e meio, onde lojas se sucedem umas a seguir às outras sem interrupção, avista-se a Piazza Venezia, um espaço amplo onde carros e motociclos se cruzam com peões a atravessar passadeiras ou a entrar e a sair de autocarros já cheios, num cenário de caos à sombra do Vittoriano.

Perturbados pela intensidade do trânsito no momento da travessia, turistas acumulam-se no centro da rotunda da Piazza Venezia, um jardim relvado e sem árvores, assim designada pelo cardeal com o mesmo nome que habitava o edifício adjacente, o Palácio Veneza. Seguem-se fotografias ao edifício e com o edifício.

Cumprido o objetivo, depois das tentativas falhadas pela interrupção causada pelos que passavam no momento do disparo, os visitantes dirigem-se para uma das entradas do monumento construído em honra do primeiro rei da Itália e responsável pela unificação do país, Vitor Emanuel II, após a sua morte em 1878, e que hoje comporta várias áreas, entre os quais o Museu Central do Ressurgimento.

No trajeto para a entrada, os olhares prendem-se nas carruagens puxadas por cavalos que parecem ignorar o trânsito intenso, num convite aos turistas para visita pela cidade.

Arte e paisagem num só local

Integrado no Monumento Nacional, também designado por Vittoriano ou Altar da Pátria, o Museu Central do Ressurgimento, de entrada gratuita, constitui uma atração turística. À entrada, uma escadaria de mármore com patamares, onde se expõem bustos e quadros que prendem a atenção dos curiosos de máquina fotográfica na mão ou absortos na leitura das informações sobre uma qualquer obra.

No topo da escadaria, uma estátua equestre, no centro de uma sala redonda, recorda os esforços que determinaram a unificação italiana. Em volta, documentos e objectos antigos transportam para os finais do século XIX.

Uma porta ao lado leva a uma varanda com vista sobre a cidade. A paisagem inclui toda a extensão do Fórum Romano e culmina com o Coliseu. Sobre as cabeças, bandos de pássaros traçam desenhos, enquanto turistas procuram o melhor ângulo para a próxima fotografia.

Corredor com história e modernidade

Destinado a documentar toda a história política, económica e social do país, nos séculos XVIII, XIX e XX, o museu possui um corredor curvilíneo que permite aos visitantes percorrer a história de Itália através de várias secções, como por exemplo a correspondente ao período napoleónico, a segunda guerra da independência italiana ou a primeira guerra mundial.

Num convívio entre o passado e o presente, o museu usa ecrãs digitais e possui uma pequena sala onde, sobre uma tela, projeta documentários sobre os períodos da história italiana.

O Túmulo do Soldado Desconhecido e a deusa

À saída do museu, uma estátua, cujo caminho que lhe dá acesso se encontra vedado, representa a deusa Vitória em mármore, que conduz uma carruagem estática puxada por quatro cavalos e iluminada pelos raios de sol que passam pelas janelas e lhe iluminam as costas, onde possui duas asas arqueadas.

Uma a nova escadaria leva à Piazza Venezia. Branca e sem sinais de desgaste, apresenta o mesmo tom das colunas e estátuas que a adornam. A quantidade de gente munida por máquinas fotográficas obriga os passantes, cujo único objetivo é descer, a contornar os turistas, pelos tons de pele, língua e características físicas, provenientes de várias partes do mundo.

A meio da descida, vários visitantes, entre os quais um conjunto de crianças em visita de estudo, apontam as objectivas aos soldados que vigiam, à luz da chama eterna, o Túmulo do Soldado Desconhecido, uma área anexada ao monumento depois da I Guerra Mundial, em homenagem às vítimas do conflito. Sobre os soldados, armada com lança e elmo, de olhos postos nos turistas e na cidade, a representação da deusa Vitória, desta feita sem a carruagem.

Cansados, os visitantes sentam-se nas escadas. Rapidamente, são advertidos pelo guarda que, atento, usa o apito que traz ao pescoço para reprovar o ato. Com o aproximar do final da escadaria, a visão divide-se. Enquanto uns aproveitam a altitude para olhar a cidade, outros olham para trás, em jeito de despedida.