Inaugurado em 1941, o Coliseu do Porto viveu (e protagonizou) alguns dos principais acontecimentos da Invicta.

À “sombra” da cidade, a sala depressa se tornou um espaço incontornável da cultura portuense, com espetáculos variados: da ópera à dança, passando pelos saraus e as sessões de circo, a diversidade da oferta cultural sempre foi uma constante.

O vocalista dos Blind Zero, Miguel Guedes, recorda os “momentos emocionantes” em que pisou o palco do Coliseu, a “sala nobre” da cidade. O cantor reforça a importância do espaço para o Porto, não só “pela dimensão”, mas também “porque o futuro da cidade passa pela cultura”.

Ao longo dos 70 anos de história, a maior sala de espetáculos do norte do país também acolheu diversas figuras da política nacional. O historiador Germano Silva lembra, por exemplo, que “um dos momentos marcantes” do Coliseu foi o “o comício político de Humberto Delgado, em 1958”.

Um espaço que marca gerações

Apesar do “decréscimo no número de concertos” a acontecer atualmente no Coliseu, diz Germano Silva, este é um espaço que está “intimamente ligado à história da cidade” e que, por isso, “marca várias gerações”.

“Era uma alegria ir lá ao circo, enquanto criança”, afirma o político Francisco Teixeira Lopes, reforçando o papel eclético da sala. Já Miguel Guedes recorda com saudade um concerto dos Pixies, um “momento extraordinário” que viveu no Coliseu do Porto.

Passados aparte, o Coliseu também é de futuro. Um futuro “de diversidade e resistência”, diz Miguel Guedes. Esta “peça vital para a cultura do Porto”, como explica Filipe Teixeira, um dos mentores do Plano B, terá de continuar a “desempenhar o papel que tem desempenhado até agora”. Igual opinião tem Joaquim Durães (ou “Fua”), da Lovers and Lollypops, que entende que o espaço continua a ser “importante para dinamizar grandes concertos e grandes eventos na cidade”.

“Todos pelo Coliseu”

Ainda assim, Francisco Teixeira Lopes lamenta que o Coliseu seja “uma espécie de elefante branco da cidade”, a quem, atualmente, falta uma programação organizada. Aliás, a história do Coliseu do Porto não se fez só de alegrias: a sala também passou por momentos difíceis. O mais mediático desses momentos aconteceu em 1995, quando a seguradora Grupo Aliança tentou vender a sala de espetáculos à Igreja Universal do Reino de Deus (IURD). Com a divulgação da notícia, a população depressa manifestou o seu desagrado, que culminou com um protesto, a 4 de agosto, à porta do Coliseu.

Desde políticos, a artistas, intelectuais ou outras personalidades da cidade, foram milhares os que encheram a Rua de Passos Manuel em defesa do Coliseu do Porto. “Um movimento espontâneo”, nas palavras de Germano Silva, que daria origem ao espetáculo “Todos pelo Coliseu”, que teria lugar a 7 de setembro desse ano. Neste evento, surgiram os primeiros sócios da Associação dos Amigos do Coliseu do Porto (AACP), que asseguraram a continuidade do Coliseu enquanto sala de espetáculos.