Em 2013, a RTP vai emitir um conjunto de documentários sobre o trabalho de investigadores do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO), da Universidade do Porto (UP). É uma espécie de “BBC – Vida Selvagem” à portuguesa, uma vez que os protagonistas dos documentários são investigadores nacionais que desenvolvem trabalhos um pouco por todo o mundo.

Uma equipa de filmagens já começou a percorrer os pontos do planeta Terra onde os cientistas desenvolvem as suas investigações, muitas delas já premiadas e reconhecidas internacionalmente. Sandra Inês Cruz, apresentadora do programa “4 x Ciência”, vai dar a cara por esta série de, no mínimo, 26 documentários, a passar no universo RTP numa data ainda a definir.

“Acho que, em Portugal, estamos habituados a ver este género de produtos importados dos canais internacionais. Normalmente não temos nos nossos canais coisas feitas nem em Portugal nem por investigadores portugueses. O CIBIO é um manancial de investigações”, sublinha a jornalista da RTP. Para Sandra Inês Cruz, esta é uma área com potencial televisivo e que, “posta em imagens, é capaz de interessar ao espetador comum da televisão portuguesa”.

Da Mauritânia à Amazónia

Cada episódio vai ser centrado “na biologia de um conjunto de espécies e no investigador principal, responsável por esse projeto”, explica Nuno Ferrand de Almeida, diretor do CIBIO, salientando que estudantes de mestrado ou doutoramento da instituição que acompanham a investigação também participam no programa.

A primeira deslocação do grupo foi ao deserto do Saara, na Mauritânia, país onde José Carlos Brito, já apoiado pela “National Geographic”, estuda os refúgios da biodiversidade espalhados pelo deserto. Sandra Inês Cruz explica que o objetivo, neste caso, foi localizar “as montanhas onde há alguma água” e onde crocodilos conseguem permanecer durante todo o ano.

Já na África do Sul, no deserto de Kalahari, a cientista em destaque foi Rita Covas, cujo investigação visa observar e estudar a cria cooperativa nos tecelões sociais (“um passarinho pequenino parecido com os pardais” que faz ninhos gigantes comunitários, traduz a jornalista).

A última das expedições foi ao Brasil, mais especificamente à Amazónia e à Mata Atlântica, “dois dos ecossistemas mais emblemáticos do mundo”. Mas há “muitas mais coisas previstas”, refere a jornalista, e a Península Ibérica não será, certamente, esquecida.

Pelo meio serão rodados mais programas em África. Em Cabo Verde, a biodiversidade humana é o tema principal de investigação e, na Etiópia, a equipa vai andar “atrás dos últimos burros selvagens” no Vale do Afar, a partir de onde descendem os burros domesticados. Em Angola, a palanca negra gigante também não vai escapar a aparecer num episódio; é que esta espécie julgava-se extinta, mas um estudante de doutoramento do CIBIO descobriu-a e provou o contrário.

O projeto, submetido para financiamento pela Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica Ciência Viva, conta, para além da parceria com a Rádio e Televisão Portuguesa, com o apoio do jornal “Público” e da editora “Esfera do Caos“, responsável pela edição “de um livro sumário sobre o que é a biodiversidade”, como explica Ferrand de Almeida.