Putin regressa à presidência da Rússia depois de dois mandatos consecutivos entre 2000 e 2008. Ainda no rescaldo das polémicas legislativas de dezembro, estas eleições não deixaram de ser marcadas por confrontos e outros problemas.

As irregularidades começaram a ser reportadas logo no início do dia das eleições, no passado domingo. Em Portugal foram montadas mesas de voto em Lisboa, Portimão e no Porto, que funcionaram no sábado. No total, a afluência registada foi de 1188 pessoas em todas as assembleias. Atualmente existem 133 imigrantes russos registados na cidade do Porto, 42 em Matosinhos e 137 em Vila Nova de Gaia, segundo os dados do Portal de Estatística do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.

Sergey, de 41 anos, soldador, está há 10 anos em Portugal. Não foi votar porque mora longe do consulado. Mas afirmou que, se o tivesse feito, votaria em Putin, “porque não há candidato mais digno para ser presidente do estado”. Para Sergey, a Rússia precisa de um presidente forte que conte com o apoio da população. “Observei-as (eleições) através da internet e vi como tudo estava organizado”, garantiu ao JPN. Sergey manteve-se informado através de jornais russos, mas pensa que devia ter sido fornecida mais informação à população. Uma professora de russo, residente no Porto, com toda a sua família, mantém contacto com o país natal através de alguns amigos, foi votar e concorda com Sergey: “Putin é o melhor presidente que a Rússia já teve”.

De opinião contrária é Ivan Markelov, de 20 anos e há três em Portugal. O estudante da Escola Árvore não tem preferências políticas porque na Rússia “nenhum político é completamente real, existe um político principal que é Putin-Medvedev, num homem só”. O jovem não considera as eleições totalmente justas, com a fraude tão clara e existente em todo o lado, o que “dá uma impressão má do país”. Ainda assim, Ivan garante que se as eleições fossem claras, transparentes e justas, Putin continuaria a ser o vencedor, até porque reúne o apoio de grande parte da população, “só nas grandes cidades é que a maior parte dos eleitores estão contra o presidente eleito”, afirma o jovem estudante.

Ivan Markelov, tal como Sergey, espera que no futuro os eleitores tenham mais acesso às informações e que “possam fazer uma escolha acertada, não baseada nos conteúdos divulgados pela televisão central russa, que quase nunca mencionam os protestos, nem os casos de fraude”. O estudante acrescenta, ainda, que não considera o casos de fraude na Rússia menos graves que noutros países como os EUA. “A Europa e os EUA gostam de criticar a Rússia e continuar a compará-la à URSS, o que não está certo, (…) às vezes é difícil dizer qual a parte do mundo que está mais corrompida.”