O Tribunal Administrativo e Fiscal de Lisboa, na passada terça-feira, considerou nula a segunda metade da reunião do Conselho de Justiça (CJ) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), decorrida a 4 de julho de 2008, o que significa que os axadrezados poderão ascender ao primeiro escalão do futebol português já no próximo ano. Pelo menos é esse o desejo da direção e dos adeptos.

No entanto, a FPF poderá recorrer da decisão do Tribunal. A propósito, Álvaro Braga Júnior tinha dito em conferência de imprensa que este “é um bom momento para perceber se os novos elementos da direção da FPF se reveem no que os anteriores fizeram”. Esta foi uma declaração isenta de qualquer tipo de segundas intenções. “Não é pressão nenhuma nem há vontade de a fazer”, assegura Braga Júnior, acrescentando que apenas existe uma “expetativa legítima de que a nova direção não seja igual à anterior”, já que, recorda, “este foi o terceiro caso decidido da mesma maneira pela Federação”.

Braga Júnior pondera demitir-se

Esta quarta-feira, 7, o líder axadrezado emitiu um comunicado no site do clube, onde deixa em aberto o seu futuro à frente do Boavista. Álvaro Braga Júnior revela-se agastado com “todos aqueles que nada fizeram, para além de dizerem mal de tudo e de todos, até deles próprios” e com a “suspeita clandestinidade”. No texto lê-se que será solicitada uma reunião com o presidente da Assembleia Geral em que será discutida “toda esta situação e todas as eventuais consequências que dela podem advir, incluindo a possível demissão da direção”.

É uma lufada de ar fresco que cai no Bessa, a “justiça” pela qual os boavisteiros lutaram durante quatro anos. Que o diga Manuel do Laço, o conhecido adepto axadrezado que batalhou até ao fim. “Estava doente do coração mas a partir deste momento estou melhor”, confessa ao JPN, um ferveroso apoiante que “sempre acreditou que se ia fazer justiça” e, agora, está plenamente confiante – a “mil por cento” – no regresso do Boavista ao convívio entre os grandes.

“Pedir indemnização é uma certeza clara e inequívoca”

A despromoção aos escalões inferiores do futebol português foi deveras penalizadora para o clube do Bessa. Foram milhões de euros que deixaram de entrar nos cofres da SAD e, por isso, Álvaro Braga Júnior vai mesmo avançar para um pedido de indemnização. “Pedir indemnização é uma certeza clara e inequívoca”, afirma veementemente. Apesar de não revelar o valor exato, por considerar “inoportuno” o momento, o líder das panteras não esquece que, só em contratos televisivos, o clube deixou de encaixar quatro milhões de euros anuais. “Agora, ao fim de quatro anos, é só fazer as contas”, aponta.

Além das receitas, a direção vai ter em conta toda a quebra na publicidade no estádio, nas camisolas dos jogadores e, ainda, as vendas de bilhetes e lugares cativos. E são precisamente nestes capítulos que Álvaro Braga Júnior espera um crescimento, se o Boavista for promovido, de forma a ter sustentabilidade financeira durante a temporada.

Resta ao Boavista esperar pela opção da FPF – se recorre ou não -, sendo que para o líder boavisteiro a justiça “tem de ser total e não em part-time”.