Desde o 25 de Abril que as mulheres têm vindo a procurar e a lutar pela igualdade em Portugal. Foram muitas as batalhas travadas ao longo dos últimos 38 anos pela formação e pela igualdade. A escolaridade, o direito ao voto e a emancipação da mulher foram algumas das conquistas no pós salazarismo. A mulher saiu de casa para trabalhar e ganhou poder no local de trabalho.

O JPN procurou saber, junto de duas associações de carácter feminista, se o dia da mulher representa uma data especial para as mulheres que fazem parte deste grupo.

A REDE

Fundada em 2000, a Rede Portuguesa de Jovens para a Igualdade de Oportunidades entre Mulheres e Homens (REDE) é uma associação que visa promover a igualdade e os direitos das mulheres perante o público mais jovem. Dídia Duarte, de 27 anos, é a vice presidente da REDE. Entre os projetos levados a cabo pela organização, Dídia salienta o “de Mulher para Mulher” (dMpM).

Já com duas edições, “dMpM” é uma das iniciativas da organização que pretende “promover a igualdade de géneros numa educação formal e não formal”. As jovens participantes eram mentoradas “num processo de aprendizagem” por mulheres experientes na causa do feminismo. A REDE não tem uma iniciativa própria para o Dia da Mulher, este ano, mas associou-se à Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG) para celebrar a data. Em anos anteriores, o dia foi comemorado pelas mentoradas do projeto “de Mulher para Mulher”.

Mariana Moutinho foi uma das jovens que participou neste programa. A jovem, estudante do terceiro ano da Faculdade de Direito da UP, teve conhecimento do projeto através de amigas e juntas resolveram participar por se tratar de “um tema interessante com objetivos como a paridade e a igualdade”. O projeto “foi uma experiência enriquecedora” para Mariana, que considera o feminismo “muito importante, embora as pessoas atribuam uma conotação negativa e extremista”. Para a estudante, o Dia da Mulher é uma data importante, que celebra “as conquistas alcançadas e que as que faltam alcançar”.

A UMAR

A UMAR, União de Mulheres Alternativa e Resposta, é uma associação feminista de nível nacional, com 36 anos de existência, e que se compromente com um feminismo de índole social, pretendendo despertar mentalidades. A violência contra as mulheres é uma das causas com que a UMAR se debate. Ilda Afonso é directora técnica do Centro de Atendimento e Acompanhamento a Mulheres Vítimas de Violência da UMAR e falou ao JPN sobre as causas do feminismo com as quais a UMAR se debate diariamente.

Para Ilda Afonso, o Dia da Mulher é muito importante porque é um dia em que se pode lembrar, “tal como todos os dias mas com mais visibilidade, as diferenças que ainda existem”. Ainda falta “percorrer um longo caminho”, diz. Embora admita que “existe uma evolução grande na aproximação à igualdade”, Ilda considera que os jovens não sabem lidar com algumas situações. Assim, a responsável vê nos jovens a chave para uma nova mentalidade. “Somos aquilo que a sociedade nos faz e a informação que recebemos”, lembra.

Ilda vai mais longe ao afirmar que o feminismo é uma causa que interessa a homens e a mulheres, uma vez que “também os homens que não se enquadram nos estereótipos do machismo são vitímas”.

O papel que as jovens desempenham nesta associação, ao trazerem ideias criativas, é preponderante para algumas iniciativas, como é o caso do flash mob que se realiza hoje, 8 de março, em Lisboa. Também na sede do Porto se pauta pela inovação. Para comemorar o Dia da Mulher, terá lugar na sexta-feira, 9, uma festa – “O Lado F da crise”, na Galeria Zé dos Bois. Hoje, quinta-feira, na rua de Santa Catarina, entre as 10h30 e as 12h00, e no Centro Social do Amial, entre as 15h00 e as 16h30, vai ter lugar uma ação de sensibilização – “Mudanças com Arte II”.