Miguel Xavier Fernandes e Visvaldas Kairys são os dois cientistas da Universidade da Madeira (UMa) que fizeram parte de um grupo internacional de cientistas que descobriu duas classes de compostos que resistem às mutações do vírus da SIDA. O projeto foi financiado com um milhão de dólares (750 mil euros) pelo Instituto de Saúde dos Estados Unidos (NIH).

A descoberta poderá prolongar a eficácia dos futuros medicamentos, mesmo face às mutações dos alvos terapêuticos, e permite “atacar o problema da resistência a fármacos, em vez de lidar com esse problema no final”, explicou Miguel Xavier Fernandes, ao Ciência Hoje.
No entanto, a produção de um novo composto é muito dispendiosa e pode demorar entre 15 a 16 anos.

Assim, o cientista destaca que os principais benefícios desta descoberta “são principalmente de natureza financeira pela obtenção de terapêuticas mais baratas”, porque “não seria necessário introduzir novos fármacos para substituir os anteriores cuja eficácia se vê diminuída”.

Miguel Xavier Fernandes esclarece que a contribuição dos cientistas da UMa, na altura a trabalhar nos Estados Unidos da América, consistiu em “fazer o design e os cálculos computacionais destes compostos antes deles serem sintetizados e testados experimentalmente”.

A contribuição destes cientistas no projeto terminou, mas os passos na investigação vão continuar com a realização de ensaios clínicos, que podem demorar três ou quatro anos, para testar a eficácia e a segurança da sua utilização em humanos.