Hugo Sobral licenciou-se em Relações Internacionais pela Universidade do Minho (UM) em 1997 e é, há três anos, conselheiro diplomático de Durão Barroso. Seguir uma carreira internacional era algo que o cativava pela oportunidade de “conhecer outras pessoas, culturas, formas de pensar e de gerir os assuntos”. Define as relações internacionais como uma forma de “conhecer melhor os outros para, coletivamente, se conseguirem encontrar as melhores soluções para problemas que nos são comuns”.

É apreciador de Jazz e assume a ponderação como a sua maior qualidade e maior defeito. Gosta de ler e viajar e não gosta de intolerância e mesquinhez. Considera que as características mais importantes para a evolução a nível profissional são a “abertura à mudança e a capacidade de abraçar novos desafios”.

No início do seu percurso profissional, Sobral era assistente de investigação no Instituto de Estudos Estratégicos e Internacionais. Mais tarde, foi bolseiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia, onde integrou um projeto de investigação da UM. A carreira diplomática iniciou-se com algumas funções no Ministério dos Negócios Estrangeiros. Em 2004, assumiu o cargo de representação de Portugal junto da União Europeia (UE) e, cinco anos mais tarde, integrou o gabinete do presidente da Comissão Europeia.

No dia a dia é responsável pela organização da agenda do presidente da Comissão Europeia, a preparação das reuniões internacionais e cimeiras anuais com os parceiros estratégicos e pela ajuda na definição das “grandes linhas da política externa europeia”, funções essas que implicam “uma dedicação e disponibilidade permanente”.

Confessa que, por vezes, “24 horas não são suficientes para resolver todas as solicitações de um dia” e garante que o trabalho que executa requer uma recetividade à mudança e a novos desafios. Para Hugo Sobral, a sorte é importante, mas assegura que “é preciso muito trabalho” para a “poder sustentar”.

“Não é muito comum termos portugueses a ocupar cargos desta natureza”

Hoje, com 35 anos, o conselheiro diplomático de Durão Barroso afirma que “não existe um protótipo de conselheiro diplomático”. Defende que cada um terá a sua forma de exercer a função, mas que o principal será ser “atento”, “ativo na procura da informação” e “saber ouvir e saber ajuizar as diferentes situações”.

O cargo “exigente” leva-o a ter contacto com questões sensíveis e afirma que um dos objetivos, a curto prazo, da Comissão Europeia é a resolução da atual crise económica e financeira, culminando num “projeto europeu mais unido”. Aponta a perda de competitividade externa como algo a recuperar em Portugal e considera inevitável um “esforço de consolição orçamental” que não afete áreas como a educação e a investigação.

Como diplomata nacional, Hugo Sobral sente-se muito satisfeito em poder colaborar com um presidente da Comissão, também ele português. “Não é muito comum termos portugueses a ocupar cargos desta natureza”, explica.

Aos jovens que tenham o sonho de, um dia, vir a trabalhar num organismo europeu, aconselha especial atenção às oportunidades que surgem e um contacto com a representação da Comissão Europeia e organismos associados. Para quem procura estágios, Hugo Sobral sugere que os interessados “se apresentem aos concursos anunciados no site do Serviço Europeu de Selecção do Pessoal“.