Política e juventude são dois nomes que, hoje em dia, não “combinam”. Com taxas de abstenção cada vez maiores, o ativismo político parece ser, cada vez mais, uma “ave rara”, especialmente junto dos mais jovens, que andam “desligados” da política nacional. Este é, de acordo com o sociólogo José Manuel Viegas, do Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE – IUL), um fenómeno normal. “É compreensível que haja uma relativa menor participação na vida política, quando a inserção deles na vida pública é menor”, explica o investigador. Isto é, o quotidiano do jovem está menos dependente “das determinações da esfera pública e política”, o que explica o afastamento.

Jovens manifestam-se, mas de forma apartidária

O movimento dos Indignados em Espanha e da Geração à Rasca em Portugal marcou um novo paradigma na luta política. Hoje, os jovens procuram manifestar-se mas sem estarem conotados com nenhum partido. Fernando Queirós pertence ao Bloco de Esquerda (BE) e concorda com esta nova visão da política. Lamenta apenas que os jovens estejam afastados dos partidos e aponta culpas às forças políticas “tradicionais”, que oferecem aos jovens desafios “pouco motivadores”. Joel Azevedo, militante do Partido Socialista (PS), partilha de uma opinião semelhante à de Fernando Queirós. O socialista critica duramente os aparelhos partidários por serem “fechados” e “pouco recetivos” aos jovens.

Por outro lado, Francisco Mota, militante da Juventude Popular (JP), acha que os partidos ainda têm uma palavra a dizer e incita os jovens participar mais ativamente na cidadania. “Temos que perceber que a democracia, como nós a vivemos, precisa dos partidos”, defende.

Mas não só os partidos são alvo de críticas. A educação dada nas escolas poderá ser uma das causas do desinteresse da juventude.O sociólogo José Manuel Viegas é da opinião de que a importância da escola é sobrevalorizada. De acordo com o investigador, o ensino escolar seria mais benéfica ao propiciar experiências de associativismo.”Mais do que a informação cívica, a intervenção é que vai transformando as consciências, nomeadamente hábitos de socialização e de importância do coletivo”, finaliza.