Quase metade dos chineses (47,9%) considera utópica a implementação de uma democracia “estilo ocidental” na China. Este é o resultado de uma sondagem revelada por um jornal chinês, uma publicação do grupo “Diário do Povo”, órgão central do Partido Comunista Chinês. A sondagem foi realizada a 1.010 habitantes de sete cidades chinesas e revela, ainda, que apenas 15,7% acham a ideia “realizável”, enquanto 9,9% defendem que tudo não passa de “propaganda ocidental”.

A sondagem revela ainda que, apesar de 80,9% dos respondentes admitir o sucesso das reformas já implementadas na China, 93,9% acredita que são necessárias medidas mais profundas. Para 62,5% dos inquiridos, os interesses de grupos económicos e políticos têm sido o principal obstáculo para a implementação de mais reformas no país. A sondagem mostra também que 79,1% dos inquiridos diz que as reformas devem ser introduzidas de forma faseada, apesar de muitos respondentes, sobretudo jovens, considerem que estas devem ser promovidas de forma mais drástica.

Esta sondagem surge poucos dias depois do lançamento de um estudo do Banco Mundial sobre as perspetivas económicas da China. Segundo esse estudo, a China pode perder a sua oportunidade de se tornar numa economia de topo a não ser que faça reformas substanciais nas empresas estatais, na cobrança de impostos e na saúde e educação.

Em declarações ao jornal “Global Times”, Zhu Lijia, professor da Chinese Academy of Governance, destaca a importância dos grupos de interesse, nomeadamente empresas com ligação estatal, no atraso de reformas mais profundas na China. Realça, no entanto que este é o momento para se iniciar a reestruturação. “Esta é a altura para o governo implementar reformas de alto a baixo, que tornem a política pública, nomeações oficiais e a elaboração do orçamento de estado processos mais transparentes e democráticos”, afirma.

A China é governada desde 1949 pelo Partido Comunista Chinês, do qual Hu Jintao é o atual líder, num regime autoritário que tem sido, ao longo dos anos, acusado de violar direitos humanos e restringir liberdades individuais.