O “Jornal de Notícias” (JN) e o “Público” mudaram. No panorama internacional, o “The Guardian” também. Foram apresentadas as novas imagens gráficas que, a partir de agora, vão acompanhar diariamente as notícias, artigos de opinião, críticas ou reportagens.

No caso do JN, a nova identidade gráfica prende-se, essencialmente, com a mudança da direção (Manuel Tavares é o novo diretor), assim como com a introdução de uma máquina que permite imprimir as 48 páginas do jornal a cores. O “Público” aparece num formato mais pequeno. A renovação gráfica acompanhou uma necessidade de mudança que passa pelo conceito editorial. Mark Porter foi o autor do projeto de design que deu nova imagem ao jornal.

Os leitores de jornais querem uma explicação do que viram e ouviram e encontram-na nas páginas que folheiam diariamente. É neste ponto que o design gráfico entra em campo: a forma como os jornais vão ter com os leitores, os títulos a negrito que chamam a atenção, a tipografia que convida a ler mais do que a primeira linha, ou as cores que pautam as diferentes editorias. Estes são pormenores que podem não ser percetíveis para alguns leitores mas que definem o posicionamento de um jornal.

O novo design do “Jornal de Notícias”

O “Jornal de Notícias” tem uma nova imagem gráfica desde o final de fevereiro. Pedro Pimentel, diretor artístico do JN, afirma que é necessário “redesenhar” o jornal de forma a evitar “a sua excessiva formatação” e explica que o jornal anterior era “bastante formatado”.

A ideia essencial do novo desenho do JN é o “full color”, isto é, há muito mais cor ao longo das 48 páginas. O “full color” pode ser uma estratégia benéfica para o jornal, arrecadando mais investimento publicitário. Pedro Pimentel explica: “hoje, os anunciantes podem colocar publicidade em qualquer zona do jornal”, algo que o antigo desenho não permitia.

O nome das editorias era, essencialmente, a preto e branco, agora é a cores e com o tipo de letra “substancialmente maior”. A cor nos títulos e subtítulos confere um maior realce à editoria. Cada página tem agora seis colunas e são mais pequenas, embora algumas partes estejam em destaque evidenciado por um marcador.

Neste momento, a nível gráfico, o JN “distingue-se dos outros jornais portugueses”, no sentido em que tem “uma energia diferente”, diz Pedro Pimentel.

Numa breve apreciação do novo JN, Jorge Silva, professor de desenho na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP), afirma que há uma “espécie de efeito ‘Correio da Manhã’, pelo que o jornal está “mais bold, mais pesado”. O facto de os jornais “mudarem em função da concorrência” pode estar relacionada com as recentes alterações da identidade gráfica que ultimamente têm vindo a ocorrer, diz Jorge Silva.

A renovação gráfica do “Público”

O “Público” apresentou, no início de março, a redefinição da imagem gráfica. Sónia Matos, diretora de arte do diário, garante que o leitor vai notar que “o jornal está mais organizado, com uma hierarquia mais definida”. Num aspecto mais técnico, a introdução de “duas novas fontes não serifadas” também ajuda a “marcar o ritmo do jornal”, explica Sónia Matos. Os planos são “mais arrojados” graficamente, marcando assim picos de leitura do jornal, e são ainda acompanhados de uma “palete de cor reforçada e mais intensa”, o que torna o jornal mais “apelativo”, diz.

Os títulos menos apelativos foram substituídos por uma tipografia mais forte que marca algumas editorias. Os subtítulos eram acompanhados por uma caixa de cor mais sóbria e foram renovados pela introdução de uma fonte não serifada e por cores mais fortes.

O “Público” atingiu, assim, uma “maturidade gráfica muito interessante” e está “melhor do que nunca”, diz Sónia Matos. O próximo passo do jornal prende-se com uma possível renovação do online.

Para Jorge Silva, “o Público encolheu”. Do ponto de vista gráfico não houve uma mudança de filosofia, mas há uma “preocupação de hierarquizar melhor a informação” e, quanto a isso, “o jornal está mais bonito”, argumenta Silva. Além da “concorrência interna”, há algo mais que move a preocupação de mudança entre jornais. “Hoje os jornais não se sentem bem na sua pele”, considera o docente da FBAUP. “Ficaram para trás” porque hoje as pessoas, quando chegam ao jornal, já viram as notícias na televisão ou na Internet. É isso que os jornais vão “tentando combater”, explica Jorge Silva.