Gil Garcia não encontra outro futuro para Portugal. “Vai ser preciso um novo 25 de Abril”, afirma. Para o líder do Movimento Alternativa Socialista (MAS), este movimento é o caminho certo mas, para isso, é preciso “rejuvenescer a política” e “abanar a esquerda”.

“O PCP e o BE estão demasiado acomodados a ser uma oposição parlamentar crónica”, lamenta. O dirigente encontra muitos “pontos comuns” entre o Partido Comunista Português (PCP) e o Bloco de Esquerda (BE) e acredita que estas duas forças políticas se deviam unir para formarem uma alternativa credível no espectro político nacional.

De acordo com Gil Garcia, o atual caminho do Bloco de Esquerda é contrário àquele que ele idealizava. Segundo o mesmo, o BE encontra-se numa base de entendimento com o Partido Socialista (PS), relegando para segundo plano um eventual acordo com o PCP. O líder do MAS, acusa, ainda, Francisco Louçã de “autoritarismo” e de desprezar o peso do movimento afeto ao MAS dentro do BE. Gil Garcia argumenta que a vertente mais próxima do PS “não representava nem metade daquilo que representava o MAS no interior do Bloco”.

Politólogo descrente na capacidade eleitoral de novos partidos

António Costa Pinto, presidente da Associação Portuguesa de Ciência Política, desvaloriza o poder eleitoral de movimentos como o MAS. “Partidos do género do MAS ou de outros à esquerda do BE, destinam-se politicamente a um número reduzido de eleitores”, explica.

Além disso, de acordo com o investigador, o eleitorado destes partidos costuma ser de protesto. E, segundo o académico, “aqueles portugueses mais predispostos a votar em partidos de protesto não votam”. António Costa Pinto refere, ainda, que a concorrência de partidos como o PCP também é muito forte.

O período conturbado em que o país vive também poderá, eventualmente, ser uma oportunidade para novas forças políticas emergirem. Contudo, a previsão de que tal fenómeno vai acontecer é difícil. “Não é fácil prever quando é que um pequeno partido, numa conjuntura de crise, irrompe na cena eleitoral e passa a estar representado no Parlamento”, revela António Costa Pinto. No entanto, para Gil Garcia, é necessária uma mudança imediata. “Estamos a regressar a situações muito semelhantes à que existia na época da ditadura”, alerta.