Alergias e irritações são algumas das queixas que os moradores da zona do Campo 24 de Agosto apresentam. O parque de estacionamento, em terra batida, é a causa apontada.

Os moradores e comerciantes da zona não compreendem por que motivo o espaço em terra batida continua sem obras. Proprietário de um café na rua de Santos Pousada, uma das mais afetadas pela poeira, Fernando Barbosa, 52 anos, afirma que ter o parque “no centro da cidade não faz sentido”.

Também José Silva, de 73 anos, dono de uma sapataria na rua Fernandes Tomás, outra das vias que circunda o espaço, confessa que é feio para uma cidade ter um espaço assim. “A realidade é esta: isto é uma vergonha”, é assim que o sapateiro define a situação. Darios, proprietário de uma loja de flores, afirma que o espaço é vergonhoso, até porque “há um hotel nas imediações”.

O pó é a maior queixa dos moradores. José Silva afirma que, “quando há vento, as casas têm uma poeira insuportável”. Já Rogério Caldas, funcionário de um café nas imediações, confirma que “é complicado porque os clientes estão cá fora e é só pó”, além dos “carros que ficam cheios de pó”.

O sapateiro José confirma que a situação se “arrasta há muitos anos” e que “nunca fizeram nada”. A única intervenção data das alterações feitas aquando do construção do metro em que foi alcatroada uma parte “porque serviu de desvio”.

Queixas à Câmara Municipal deste 2009

A luta dos comerciantes é antiga. Quem o diz é Darios. “Em 2009 juntamo-nos e expusemos o caso ao vice-presidente da Câmara. Não tivemos resposta, mandamos uma carta, desta vez também para o presidente da Junta do Bonfim, disseram que iam tratar. O tempo passou e nada”.

Também no ano passado, a Câmara Municipal do Porto (CMP) prometeu modificações no espaço. No entanto, a situação do Campo 24 de Agosto continua igual, mesmo depois da Delegação de Saúde ter estado no local a avaliar o problema e as suas implicações. Visto ter ficado sem resposta, Darios realça que a Delegação de Saúde esteve no local uma outra vez, o caso voltou a ser “analisado e enviado”.

A tentativa mais recente foi há duas semanas. “Foi uma carta registada para o vereador do Ambiente a expor o caso. Até agora nada”, conta Darios.

O comerciante aponta ainda o dedo ao, na sua opinião, caráter ilegal do parque. “Se o parque fosse meu, eu seria multado porque para ser parque e cobrar dinheiro tem que ser asfaltado e com limites para os lugares, por lei”, salienta Darios.

Quanto à CMP, continua sem se saber se há qualquer intenção de reavaliar e reabilitar a zona. A câmara aponta que o espaço é do Estado, mas é o município quem está a tirar partido do espaço e o seu proveito em termos monetários. Rui Rio afirmou, em Assembleia Municipal, que reabilitar a zona seria como “ter filhos de outra mulher”, em resposta ao deputado Fernando Moreira, do PS. “Ele (Rui Rio) está a dourar a pílula”, é o que diz o comerciante José Silva.

Para o sapateiro, não deveria ser colocada a questão da pertença de terrenos entre o Estado e a CMP. “Isto é do Estado? A câmara é o Estado, o Estado é a câmara e somos todos nós”, remata.

O JPN tentou contactar a Autoridade de Saúde mas não foi possível obter qualquer resposta em tempo útil.