O Rebel Bingo é um conceito de festa em que as pessoas se juntam para jogar bingo, mas não só. Do que se vê nos vídeos, há música alta, dança e pessoas a riscarem os corpos umas das outras, de tal forma que o Los Angeles Times comparou estas festas a instalações do Jackson Pollock. Os cartões e os marcadores mantêm-se, assim como a esfera onde se faz o sorteio. Já a promoção da festa é feita através do Facebook e do Twitter.

Só pouco antes do início do evento se recebem as coordenadas do local e, para ajudar ao secretismo, não se deve contar a ninguém que se vai participar. Vale tudo, desde seminários de motivação a conferências de super-heróis. As regras não se ficam por aí: é melhor consultá-las no site oficial antes de “seguir para bingo”.

Há festas um pouco por todo o mundo, desde Los Angeles a Sevilha, passando por Lisboa e Porto, chegando a mais de 30 cidades. A festa vai-se estender a Coimbra nos próximos tempos, mas o crescimento não deve ficar só por Portugal. Em abril, o Rebel Bingo deve rumar ao Brasil. Na Invicta, a primeira edição foi a 27 de janeiro e quem lá esteve pediu por mais. Por isso, no próximo sábado, o bingo rebelde volta à cidade.

A festa chegou a Portugal por um acaso, mas já bate recordes de afluência

Paulo Silva trouxe o conceito para a Península Ibérica, depois de o descobrir por acaso. Um atraso numa viagem levou-o a ficar em Londres mais tempo do que o esperado e a ir a uma festa. Quando acabou, decidiu que tinha que exportar o conceito. Mas as festas são tão boas porquê? “Não posso dizer, é um segredo”, brinca Paulo Silva.

É o secretismo associado ao evento que agrada às pessoas, que sentem estar a fazer algo proibido. “Acredita em magia? Não? Mas é bonito ver os truques dos mágicos”. É esta a analogia usada pelo organizador para explicar o marketing do evento. No entanto, sublinha o papel que o bingo tem na festa. “Quando se está a jogar, a coisa mais importante naquele momento é ganhar o prémio. Como o vencedor tem que ir ao palco acaba por ter os 15 minutos de fama”, explica.

Mas o sucesso destas festas não é só pelo bingo ou pelo secretismo: é pela interatividade que se gera com os animadores e com o “vizinho” do lado que se pode riscar à vontade, sem tabus. Nunca pedir um número de telemóvel foi tão fácil. Para Paulo Silva, o que diferencia uma saída à noite normal de uma festa de Rebel Bingo é simples. “Para quê sair só para ouvir um tipo a passar discos quando se pode fazer o mesmo em casa, sem o aperto das discotecas?”, diz.

A última festa em Lisboa foi a maior do mundo até à data, com 3500 pessoas. Dada a grande afluência, registaram-se alguns problemas, como furtos, mas o mesmo não aconteceu no Porto.

Da cave de uma igreja para o mundo

O bingo é associado à população sénior, mas dois ingleses, Freddie “Fortune” Sorensen e James “Flames” Gordon, mudaram esse conceito após descobrirem um kit na cave de uma igreja. Começaram a jogar com amigos e algum álcool à mistura. Daí passaram a ter jogos regulares, com uma espécie de “after party” em que todos queriam entrar, à conta do passa-a-palavra.

Em entrevista ao LAist, Sorensen disse que não houve um plano de expansão. “As pessoas escreviam-nos a partir de outras cidades e diziam-nos ‘vocês têm que trazer isto para a nossa cidade’, e nós fizemo-lo”, revela.

A próxima festa na Invicta é já este sábado, 17 de março, só para maiores de 21 anos e em local desconhecido. Os bilhetes estão “completamente esgotados”, avisou a organização via Facebook, pelo que vai ter que esperar para experimentar o bingo rebelde. Se o conceito não lhe agrada, “faça de conta que não leu isto” e “não conte a ninguém”.