A Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) celebrou 20 anos de Bioética e na cerimónia de comemoração estiveram presentes várias figuras do panorama científico e político de Portugal. O evento contou, também, com a entrega do Prémio Nacional de Bioética a Tristam Engelhardt Jr., pelo reconhecimento público da sua obra e pelo impacto criado nas várias intervenções em Portugal. O vencedor é professor de Filosofia da Rice University-Texas, professor emérito da Baylor College of Medicine e autor de diversas obras sobre a Bioética.

Passos Coelho foi o último a discursar e deixou claro o orgulho que sente nas “instituições portuguesas, como é o caso da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto”. O primeiro-ministro aproveitou a oportunidade para refletir sobre o tema da Bioética, que considera ser um “assunto de debate público”. “É um estatuto que, tanto quanto podemos prever, nunca mais se perderá”, comentou.

Durante a intervenção, o primeiro ministro revelou, também, que será brevemente apresentado o Plano Nacional de Voluntariado, que “incentivará a responsabilidade social das empresas e da associação pública”. “É com esse objetivo que queremos mudar a lei do voluntariado, para a adaptar a novas realidades”, afirmou.

Na sessão, além de Rui Nunes, diretor de serviço de Bioética da FMUP, intervieram também o presidente do Conselho Federal de Medicina do Brasil, Roberto d’Ávila, o subdiretor da FMUP, Nuno Montenegro, e o presidente da secção regional Norte da Ordem dos Médicos ,Miguel Guimarães, que expôs um conjunto de preocupações, como a ignorâcia das propostas da Ordem dos Médicos ao ministério da Saúde. “Entenda-se dar o poder ao doente de decidir com a ajuda do seu médico o medicamento a prescrever” e “atribuir o poder de aconselhamento e decisão do medicamento ao farmacêutico”, acrescentou o diretor.

À margem da comemoração

Em declarações à imprensa, no que toca à polémica de acumulação de cargos pelo economista António Borges, Passos Coelho considera não existir nenhum conflito. “Parece-me muito correto, da parte do senhor professor António Borges, ter colocado previamente – e de forma tão transparente – ao governo essa questão, porque não há nenhuma incompatibilidade legal”, assegura.

Carta aberta da AEFMUP ao primeiro ministro

Para receber Passos Coelho nesta cerimónia esteve presente, à entrada, a Tuna Masculina da FMUP e, também, Francisco Ribeiro Mourão, presidente da Associação de Estudantes da instituição (AEFMUP), que entregou ao primeiro-ministro uma carta aberta com a intenção de alertar a necessidade de baixar o numerus clausus. Segundo o presidente da AEFMUP, os motivos prendem-se com a qualidade do ensino. “O que acontece é que, mesmo tendo instalações novas, a faculdade não teve nenhum aumento em termos de recursos humanos. Muitas vezes, estamos 10 ou 12 estudantes para um médico e um doente. Obviamente que não temos condições para poder efetuar uma aprendizagem de qualidade”, assegurou.

De acordo com Francisco Ribeiro Mourão, Passos Coelho “ficou agradado” pelo facto de os estudantes estarem “atentos a esta questão” e de pedirem “esta redução, manifestando essas preocupações”. O número de estudantes adequados e indicados para a capacidade da instituição são 190. Contudo, de acordo com a tutela, a reitoria aponta o número de 245. O presidente da AEFMUP espera que “a tutela consiga ter mais ou menos noção daquilo que é a realidade nas escolas médicas”, acrescentando ainda que espera que se consiga “sensibilizar o primeiro-ministro e, também, a opinião pública”.

Passos Coelho presente na 1.ª edição dos prémios ACP-Diogo Vasconcelos

O primeiro-ministro foi ainda o convidado de honra da 1.ª edição dos prémios Associação Comercial do Porto (ACP)-Diogo Vasconcelos. A cerimónia homenageou Diogo Vasconcelos, um dos incentivadores do Plano Tecnológico, falecido em 2011. No Salão Árabe do Palácio da Bolsa, a entrega de prémios iniciou-se com o discurso do presidente da ACP, Rui Moreira, que abordou a parceria entre a associação e a Universidade do Porto (UP).

O presidente da ACP falou, também, de vários fatores que afetam “o crescimento sustentável do Porto”, realçando o facto de a solução não ser uma “descentralização”. Terminou com “uma nota de grande preocupação”, em nome da região e da cidade do Porto. “Precisam, desesperadamente que as deixem em paz, tornando possível o cumprimento do destino de liberdade e de progresso que é seu”, afirmou.

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, tomou a palavra de seguida, falando de Diogo Vasconcelos como “uma daquelas pessoas raras que olham para o mundo como se ele fosse um lugar sempre novo” e realçou a “aposta na transformação estrutural” da economia do país. No final do discurso, Passos Coelho dirigiu-se a Rui Moreira, dizendo que não seria possível encontrar, “na história portuguesa, desde 1974, um governo tão interessado em descentralizar”.

A start-upSysnovare – Innovative Solutions, que desenvolve soluções de software de gestão para empresas e entidades públicas, e o projeto SolarSel, um sistema de selagem desenvolvido pelos departamentos de Engenharia Química e Mecânica da Faculdade de Engenharia da UP, foram os vencedores dos galardões. Aos dois projetos de inovação e empreendedorismo foi entregue um prémio com o valor de 7.500 euros.