Na cerimónia de comemoração do encerramento do centenário da Universidade do Porto, a entrada do convidado especial, Pedro Passos Coelho, foi feita ao som de gritos dos manifestantes. Esta quinta-feira, dia em que a greve geral parou o país, a Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) marcou presença à frente da reitoria da UP, local da sessão solene.

Passos Coelho destacou o problema das bolsas e diz que o governo não vai “abrandar o acompanhamento” das novas regras de atribuição. Para o primeiro-ministro, estas regras, que têm causado muita polémica entre os estudantes, ” incluem um modo mais justo de calcular o rendimento per capita“. Um dos problemas ainda por resolver são os “casos pendentes” que, diz Passos Coelho, serão em breve resolvidos.

A promessa política deixada é que os estudantes que tenham sido indeferidos por dívidas contributivas ou tributárias poderão ver a sua candidatura deferida se regularizarem o pagamento das dívidas e, partir desse momento, receberão as prestações de bolsa sobrantes. Relativamente à problemática das bolsas, outro convidado, Nuno Crato, ministro da Educação, do Ensino Superior e da Ciência, apenas acompanhou o primeiro-ministro, sem prestar quaisquer declarações.

Passos Coelho também anunciou a retoma da linha de crédito, que tinha sido suspensa no ínicio do ano.

Ensino superior não suporta mais cortes de financiamento

O reitor da UP, José Marques dos Santos, não fugiu ao tema das propinas e dos problemas que rodeiam as bolsas de estudo. O reitor não acredita que “uma maior participação dos estudantes no financiamento das instituições seja a estratégia mais eficaz neste momento”. Marques dos Santos continuou, dizendo que é “necessário reforçar o apoio a estudantes verdadeiramente carenciados e simplificar e estabilizar o sistema de atribuição de bolsas, de modo a permitir uma análise muito mais célere das candidaturas”.

Embora afirme compreender a necessidade da diminuição das despesas do Estado e a posição das universidades neste contexto, reforça que o “ensino superior, para assegurar o crescimento da sua competitividade a nível internacional, não terá capacidade para suportar mais cortes de financiamento público”.

Luís Rebelo, presidente da Federação Académica do Porto (FAP) também participou nesta sessão solene. Num discurso de incentivo ao papel dos estudantes universitários no contexto da crise atual, o dirigente académico também não esqueceu o problema das bolsas, e deixa um aviso. “Os tempos de crise são particularmente difíceis para as familias carenciadas, sendo, por isso, premente que os serviços de ação social da Universidade do Porto se tornem mais eficientes”, afirma.

Em dia de comemoração, os manifestantes à porta obrigaram à intervenção policial. Após a “viragem do século” da maior universidade do país, Passos Coelho diz querer concentrar-se no futuro e no contínuo desenvolvimento do ensino superior. Porém, para alguns estudantes, o problema está no presente, com o atraso das bolsas a dificultar a tarefa.