Com apenas 27 anos, os corações do logótipo de Guimarães, Capital Europeia da Cultura 2012 não são o primeiro grande trabalho de João Campos. Aos 24 – e apenas dois anos depois de terminar a licenciatura -, João foi responsável por outro trabalho de peso. Foi pelas mãos do jovem natural de Aveiro que passou a imagem da Companhia Nacional de Bailado . O designer considera que foi um grande trabalho, por se tratar de um nome sonante. “A Companhia Nacional de Bailado é um enorme desafio a que é associada alguma projeção”, afirma.

Voltando ao presente: foi sem dúvida com “Guimarães 2012” que João alcançou mais notoriedade. “Ganhar um concurso deste género a nível nacional é importante, existe algum orgulho”, admite o jovem. João já tinha feito “algum trabalho na área da cultura”, mas sem dúvida que este projeto foi “o mais mediático”. No total foram precisos “dois meses para chegar ao resultado final”.

O designer esclarece que o ponto de partida foi a cidade de Guimarães. “O aspeto arquitetónico, a muralha” são elementos que pretendem remeter para “o património da cidade e para os dados históricos”. Foi aí que João encontrou a inspiração para criar o logótipo que é agora o primeiro convite da cidade de Guimarães. “O elo representa a silhueta de D. Afonso Henriques e o coração reflete o espírito da comunidade”, esclarece.

Aliás, do documento explicativo da criação e do desenvolvimento do logótipo [PDF], consta que, para Guimarães, “o seu legado histórico é incontornável na criação de sentido e aproximação a uma comunidade orgulhosa da sua história, pelo que a conceptualização de uma representação gráfica para a cidade teria sempre que lhe prestar a devida homenagem”.

O jovem salienta que o objetivo é o coração ficar sem preenchimento, para que possa ser “explorado e preenchido” de acordo com a maneira como cada um o interpreta.

Percurso marcado pela aposta no design e no marketing

João Campos apostou no mestrado em Marketing na Universidade de Aveiro, após ter concluído a licenciatura em Design na mesma instituição. No currículo, além do projeto Guimarães 2012 e da Companhia Nacional de Bailado, João conta com a reestruturação gráfica do packaging das farinhas Branca de Neve, também um grande passo como designer.

A identidade visual do Teatro Camões, a imagem gráfica do Festival ao Largo, em 2010 e 2011, assim como a imagem da Orquestra Sinfónica Portuguesa, são outros dos trabalhos que João teve a seu cargo, muito enquadrados no “âmbito da cultura”. Também a direção de arte da revista de cultura e tendências urbanas “SAi” esteve a cargo do designer. Apesar de “cliché”, para João “a crise pode ser, também, tempo de oportunidades”.

João, que agora é diretor do XIIIstudios, um estúdio de arte independente, afirma que “a grande maioria das áreas em Portugal é uma luta e o design tem os seu próprios desafios.” Por ser uma área “mais recente, ainda tem um caminho mais longo pela frente até estabilizar”, diz.