O enviado especial da ONU para a Síria Kofi Annan esteve ontem, domingo, reunido em Moscovo com o presidente russo Dimitri Medvedev, para avaliar a disposição da Rússia em pressionar a Síria, sua aliada, para por fim à violência.

Medvedev garantiu que dará “toda a ajuda, a todos os níveis” na resolução das medidas de combate à crise no país árabe, assegurando que estas se tratam da “última oportunidade” de resolver este conflito. “Esperamos de verdade que o trabalho de Annan seja concluído de maneira positiva, para evitar uma guerra prolongada e sangrenta”, afirma Medvedev, que em breve vai abandonar o cargo para dar lugar a Vladimir Putin.

O apoio da Rússia era considerado fundamental para colocar em prática o plano de resolução da crise na Síria. A Rússia é, a par da China, um dos maiores aliados de Damasco e impediu por duas vezes a adoção pela ONU de resoluções contra o presidente sírio Bashar al-Assad, alegando que o ocidente pretendia atribuir todas as culpas ao regime sírio e nenhuma aos rebeldes extremistas. A Rússia aumentou, inclusivamente, o fornecimento de armas ao regime sírio em cerca de 600%, só no último ano. Num comunicado divulgado pela diplomacia russa, o apoio da Rússia será no sentido de colaborar com a ONU na resolução do conflito, um plano que “prossupõe a não-ingerência nos assuntos internos da Síria e o caráter inaceitável de um apoio a uma das partes do conflito”.

Kofi Annan confia “no apoio e bons conselhos” da Rússia

O plano de Kofi Annan para a Síria prevê a concretização de seis pontos, que resultem no fim de todas as formas de violência, sob a supervisão da ONU, assim como a entrega de ajuda humanitária e a libertação de pessoas detidas injustamente. O antigo secretário-geral das Nações Unidas mostrou-se muito satisfeito com o apoio do regime russo, e diz confiar “no apoio e nos bons conselhos da Rússia”. “A Síria tem hoje a oportunidade de trabalhar comigo e com esse processo de mediação para dar fim a esse conflito, a essa guerra, e permitir acesso a aqueles que precisam de assistência humanitária, assim como embarcar num processo político”, afirmou Annan.

Kofi Annan viajará de seguida para Pequim, onde irá também aferir o apoio chinês ao plano de resolução do conflito na Síria. A China, recorde-se, vetou também por duas vezes as resoluções que condenavam o regime de Damasco.