Diversas atividades académicas e concertos fazem parte da semana que anima os estudantes do Porto. A Queima das Fitas faz-se de estudantes para estudantes, mas o evento reúne público de várias faixas etárias. Pela semana tradicional de festejo dos estudantes já passaram várias gerações. Outras dão, este ano, os primeiros passos na tradição académica.

Cartaz da Queima revelado em abril

O cartaz da Queima das Fitas de 2012 é divulgado em abril, mas as atividades “tradicionais” mantêm-se. Luís Rebelo, presidente da Federação Académica do Porto (FAP), confirma, para já, apenas os habituais nomes para os concertos à noite: Quim Barreiros e Xutos e Pontapés.

Miguel Pereira, antigo estudante da Universidade do Porto (UP), teve a sua primeira “queima” em 1992, que consistiu em cerimónias como a missa da benção das pastas e outras “académico-praxísticas”. “Em termos de noites de queima, tínhamos só arraial do grelado, na terça-feira, e um ou outro concerto, sendo que o que acontece hoje em dia, nas noites da queima, é posterior a 1992”, explica. O antigo estudante lamenta que a maior parte das pessoas ache que “a queima se traduz única e simplesmente nas noites de queima. O que é tradicional da Queima das Fitas são os eventos académicos”.

Para Miguel, inovar nas atividades da “queima” é mudar o conceito do próprio evento. “Se nós deixássemos de ter aquilo que é tradição, teríamos de mudar o próprio nome da Queima das Fitas”, garante. “É muito importante”, como tal, que as atividades que se realizam todos os anos se mantenham para conservar a tradição académica entre os estudantes. “A queima foi pensada, inicialmente, só para o desenvolvimento de atividades académicas. O que aconteceu depois, fruto de muitos negócios, foi partir desta ideia para se fazer as noites da queima”, explica Miguel.

Já Diogo Faria, presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (AEFLUP), considera que seria “extremamente positivo se, todos os anos, se procurasse inovar”. Diogo é da opinião de que, hoje em dia, a maioria das pessoas vê a Queima das Fitas como um “espaço de convívio” e não participam só pela tradição em si. “O modelo da queima é um modelo de sucesso que os estudantes gostam bastante mas não se nota uma evolução de ano para ano”, lamenta.

Pelos moldes em que a Queima das Fitas se realiza, esta “é pensada, quase exclusivamente, em função do interesse dos estudantes”. Diogo sugere “abrir a queima a outros públicos-alvo”, tendo sempre em conta o principal: os estudantes. “Há um conjunto muito vasto de iniciativas em que se poderia pensar, nos campos da cultura e do desporto” que poderiam ajudar a melhorar o evento ao longo dos anos. Para Diogo, o mais interessante seria promover a “aproximação entre as gerações atuais e as mais antigas e o convívio com os antigos estudantes”.