A Comissão Europeia tem investido em programas e instrumentos de política de juventude para fomentar a solidariedade e promover a cidadania ativa entre os jovens europeus. O programa Juventude em Ação, com uma agência por país, desenvolve vários projetos. Um desses programas é o SEV, que possibilita o intercâmbio de jovens entre vários países para conhecerem outras culturas a iniciativas de voluntariado em projetos de comunidades locais.

Para quem participa, todos os encargos financeiros são suportados pela Comissão Europeia, que “financia o alojamento, a alimentação, a formação linguística, o seguro, as formações antes da partida, durante a atividade e mesmo depois da atividade decorrer”, garante o diretor da associação juvenil ProAtlântico, Nuno Chaves. A Comissão Europeia também “assegura o pagamento de 90% do custo da viagem para o local da atividade, seja qual for o país”, remata o diretor da associação juvenil responsável pelo envio e receção de jovens do programa.

Para além da colaboração e ajuda nas comunidades locais, os voluntários adquirem competências e aprendem novas línguas com formações proporcionadas pelo programa. Os projetos podem incidir em áreas variadas, desde cultura, serviço social, arte e ambiente. “São sempre projetos sem fins lucrativos, são para o bem da comunidade para onde se deslocam”, diz Nuno Chaves.

“Normalmente, as atividades mais procuradas são ligadas à inclusão social, jovens que vão para outros países e abraçam projetos de inclusão de crianças com dificuldades e de idosos em situações precárias”, conta João Vilaça, responsável pela comunicação e informação da Agência Nacional para a Gestão do Programa Juventude em Ação.

Mais de 4 mil projetos na Europa

Para quem quiser participar, a pesquisa dos projetos de voluntariado existentes é cada vez mais fácil. “Existe uma base de dados onde o jovem pode pesquisar dentro das várias áreas e países disponíveis”, explica o diretor da ProAtlântico.

Ainda que sejam projetos maioritariamente europeus, é possível fazer voluntariado fora da Europa. “Dos 27 voluntários que temos fora do país, um está no Brasil, outro na Argentina, mas também já enviámos para S. Tomé e Príncipe, para o Cambodja e para o México”, diz Nuno Chaves.

Na Base de Dados da Comissão Europeia é possível consultar os 4 mil projetos SVE acreditados na Europa. Para concorrerem às vagas, os jovens com idades entre os 18 e os 30 anos têm de enviar o Curriculum Vitae (CV) e uma carta de motivação, podendo concorrer a todos os projetos que acharem interessantes.

Uma vez aceite a candidatura, “uma das obrigações dos voluntários é fazer voluntariado 30 horas por semana e participar nas formações ao longo do projeto e fazer o relatório final”, explica Nuno Chaves.

“Não estamos a conseguir enviar tantos como aqueles que recebemos”

O diretor da ProAtlântico revela que há uma diferença “considerável” entre o número de portugueses que enviam para outros países e o número de estrangeiros que recebem cá. “Até 2011, já tinham vindo cerca de 1500 jovens de outros países para Portugal” e desde que o projeto foi criado, há 15 anos, até ao ano passado “tinham participado 800 jovens portugueses no programa, a viajar para outro país”.

Nuno Chaves considera que “o projeto é pouco conhecido”, tendo em conta todas as mais valias que os jovens podem aproveitar como “conhecer um país novo, uma cultura nova, aprender ou aperfeiçoar outro idioma que não o seu, ganhar competências a nível pessoal, social e que podem vir a ser úteis no mercado de trabalho”, afirma.

A Agência Nacional para a Gestão do Programa Juventude em Ação recebe “cerca do dobro” dos projetos que pode aprovar devido ao orçamento de que dispõe. No entanto, João Vilaça também se queixa do “défice em relação ao interesse dos jovens saírem do país. Há outros países em que os jovens demonstram muito mais interesse”, remata.