Kofi Annan, enviado especial da ONU para a Síria, anunciou esta terça-feira que o regime de Bashar al-Assad concordou em cumprir o plano de paz por ele apresentado. Ainda assim, o mundo continua cético, já que no terreno a violência continua.

O enviado especial da ONU para a Síria, Kofi Annan, disse ontem, terça-feira, que o governo sírio aceitou a proposta de paz da organização internacional, alertando, ainda assim, que é preciso esforço para a implementar. “Teremos que ver como vamos avançar e implementar este acordo que eles aceitaram”, afirmou. A proposta havia sido apresentada a Assad durante a visita de Kofi Annan a Damasco nos dias 10 e 11 de março.

O anúncio da aceitação por parte do governo sírio foi feito durante a visita de Annan a Pequim, onde o antigo secretário-geral das Nações Unidas se reuniu com o governo chinês para aferir o apoio do país ao plano de resolução do conflito na Síria. O resultado da reunião foi, segundo Kofi Annan, muito positivo. “Nós tivemos discussões muito positivas sobre a situação na Síria e os responsáveis chineses ofereceram o seu total apoio. Eles trabalharão comigo e outros membros do Conselho de Segurança para assegurar que os seis pontos do plano sejam implementados”, anunciou.

O plano das Nações Unidas, apoiado pelo Conselho de Segurança, prevê a concretização de seis pontos, que culminem no cessar-fogo, e que incluem “questões de discussões políticas e retirada de armas pesadas e tropas de centros populacionais, acesso livre de assistência humanitária, libertação de prisioneiros, liberdade de circulação e permissão para entrada e saída de jornalistas”.

A oposição síria já reagiu à aceitação do plano de paz por parte do regime de Bashar al-Assad. Bassma Kodmani, que faz parte do Conselho Nacional Sírio – uma coligação de vários grupos da oposição – saúda “a aceitação do regime a um plano que possa permitir o fim da repressão.” Kodmani acrescenta ainda que espera ver o país a “mover-se na direção de um processo de paz”.

ONU estima que já terão morrido mais de nove mil pessoas nos conflitos

Foi com ceticismo que a notícia da aceitação do plano de paz por parte do regime sírio foi recebida pelas potências ocidentais. A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse ontem que Bashar al-Assad deve responder às medidas com “ações imediatas”, como o cessar-fogo e a permissão de entrada de ajuda humanitária nas regiões mais atingidas pelo conflito. “Dado o histórico de Assad de prometer demais e cumprir de menos, esse compromisso precisa ser acompanhado por ações imediatas. Vamos julgar a sinceridade e a seriedade de Assad pelo que ele faz, não pelo que ele diz”, advertiu Clinton.

A verdade é que, no terreno, os conflitos não cessam. “A violência no terreno continua, tem causado mais mortos e feridos”, afirmou Robert Serry, coordenador especial da ONU para o Médio Oriente. “Estimativas credíveis apontam para que, desde o início dos confrontos, já tenham morrido mais de nove mil pessoas”, alertou.