A tensão entre a Coreia do Norte e os países vizinhos continua a aumentar. Depois de terem anunciado, no passado dia 16 de março, o lançamento de um novo satélite, foi agora vez de Japão e Coreia do Sul responderem. Na última sexta-feira, o ministro de Defesa japonês, Naoki Tanaka, anunciou que o Japão vai intercetar qualquer satélite norte-coreano que ameace o território japonês. O governo da Coreia do Sul também não põe essa hipótese de parte.

A Coreia do Norte garante que o lançamento do satélite não se trata de um teste de armas nucleares e serve para celebrar o centenário do seu falecido fundador, Kim Il Sung. Isso, no entanto, não acalma a comunidade internacional. O governo norte-coreano anunciou hoje, segunda-feira, um encontro especial entre membros do Partido dos Trabalhadores, que governa o país. Este encontro deverá servir para aumentar a influência do atual líder, Kim Yong Un, atribuindo-lhe novos cargos de relevo dentro da política nacional.

Vários países, entre os quais os Estados Unidos da América, a Coreia do Sul e o Japão, já condenaram o lançamento, desconfiando dos objetivos de Pyongyang. O próprio acordo entre EUA e Coreia do Norte, que incluía ajuda humanitária aos norte-coreanos em troca do cancelamento do programa nuclear deste país, está neste momento sem efeito, e poderá mesmo ser cancelado caso o satélite seja lançado.

Japão dá um passo em frente

O anúncio feito na sexta-feira pelo Ministro de Defesa japonês vem comprovar a ideia de que os países vizinhos da Coreia do Norte estão efetivamente preocupados e desconfiados com o lançamento do satélite. Naoki Tanaka avisou, numa conferência de imprensa, que já deu ordens para que fosse preparado o sistema militar de defesa anti-míssil.

Jiro Maruhashi, da embaixada japonesa em Portugal, confirma ao JPN que “o governo japonês está neste momento preocupado com esta possibilidade”. Mas o chefe dos assuntos políticos da embaixada garante que “países como o Japão, China ou Coreia do Sul estão a tentar evitar ao máximo esse cenário”.

É importante recordar que, em 2009, um lançamento semelhante por parte da Coreia do Norte levou a que o míssil lançado sobrevoasse o território japonês. É neste contexto que, também com isso em mente, Tóquio procura evitar que tal situação se repita, de forma a assegurar a segurança do país perante um país com armamento nuclear.

Numa altura em que Kim Yong Um procura consolidar o seu poder a nível interno, uma tomada forte de posição em relação ao lançamento pode trazer consequências graves para um país que volta a estar assim no centro das atenções mundiais.