Vão ser dez os filmes portugueses a exibir, entre 10 e 15 de abril, em Brive-la-Gaillarde, na 9.ª edição do Festival de Cinema de Brive, o único na Europa dedicado a médias metragens. A organização do festival trabalhou em parceria com a Agência Curtas e o Festival Curtas Vila do Conde na escolha da programação. Esta é a primeira vez que o Festival de Brive tem uma parte da sua programação inteiramente dedicada ao cinema jovem português.

A programação conta com as médias metragens de maior destaque exibidas no Curtas de Vila do Conde, como “31”, de Miguel Gomes, “Canção de Amor e Saúde”, de João Nicolau, “Voodoo”, de Sandro Aguilar e “A Casa Esquecida”, de Teresa Garcia, entre outros.

Para o diretor artístico do Festival de Cinema de Brive, Sébastien Bailly, a inclusão de uma retrospetiva do cinema jovem português na programação foi uma “escolha óbvia”, não só pela “militância dos jovem cineastas portugueses que continuam a criar apesar de um contexto económico difícil”, mas também porque o filme “Canção de Amor e Saúde”, de João Nicolau, foi o primeiro vencedor do festival na competição europeia. “Foi como que um sinal”, diz Sébastien Bailly.

A retrospetiva do jovem cinema português teve como “ponto de partida a média metragem” (filmes com duração entre 30 a 60 minutos), uma vez que esta tem “uma duração algo invulgar no cinema português”, afirma a responsável pela promoção de filmes da Agência Curtas, Salette Ramalho. Aliou-se, também, a “vontade do Festival de Brive” em prestar um “tributo ao Festival Curtas Vila do Conde”, que comemora 20 anos, acrescenta.

Sébastien Bailly afirma que os critérios de seleção de médias metragens recaem em filmes com “olhares únicos”. Em cada um, são procurados “cineastas que afirmam o seu universo, que convoquem a ficção, o documentário ou o experimental”, seja na “pesquisa de novas formas”, seja na “tradição clássica”, diz, em entrevista por e-mail ao JPN.

Uma nova geração de cineastas

Em 2011, o cinema português já tinha estado presente no Festival de Cinema de Brive, através de uma homenagem a Manoel de Oliveira. Este ano, espera-se uma resposta a essa homenagem, para mostrar que o cinema em Portugal, atualmente, “não se confina apenas a este autor mas também a uma nova geração de cineastas” e que é “um cinema tão apaixonado como o do mestre”, afirma Bailly.

Salette Ramalho considera que a internacionalização do cinema português, “nomeadamente através destas ações em festivais como o de Brive”, é uma “mais-valia”, não só como de “aceleração do crescimento económico da área”, mas também como fator de “distinção de qualidade que permite a criação de valor”. Por isso, a responsável espera que “espetadores do festival, o seu público assíduo e os profissionais presentes” possam certificar-se do “ecletismo, da riqueza de estéticas e perspetivas de todo um panorama de obras portuguesas”.

Este é, ainda, o momento para criar uma ligação a Guimarães, uma “cidade geminada” com Brive, afirma Sallete Ramalho. Para a responsável, talvez esta tenha sido “mais uma razão que levou o Festival de Brive a acolher um programa português”. Salette Ramalho acrescenta que também a Agência e o Curtas Vila do Conde estão a “preparar atividades em parceria com Guimarães Capital da Cultura”.