O projeto Life (Lighter, Integrated, Friendly and Eco-Efficient aircraft cabin) venceu o Crystal Cabin Award, a distinção internacional por excelência de inovação para interiores aeronáuticos. Com cinquenta e oito projetos de dez países diferentes em concurso, o projeto desenvolvido pelas empresas portuguesas Almadesign, Amorim Cork Composites, Couro Azul, Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial (INEGI), Sociedade de Engenharia e Transformação (SET) e a brasileira Embraer, ficou em primeiro lugar na categoria de “Conceitos Visionários”.

Nesta categoria, que se refere à “ideia de como poderão ser, no futuro, os interiores da aeronáutica”, explica, ao JPN, o presidente do conselho de administração da Couro Azul, Pedro Carvalho, o “Life” estava diretamente em concurso com os projetos da Zodiac Aerospace e da Diehl Aircabin GmbH, as outras duas empresas finalistas. Por isso, o diretor mostrou-se muito contente com este prémio por ser uma “competição muito seletiva e muito prestigiada”.

O gestor de inovação do grupo Iberomoldes (no qual está inserida a SET), Pedro Pereira, acrescenta que “os produtos e soluções” concorrentes também tinham “bastante valor”, pelo que foi uma competição “renhida”. Ainda assim, os portugueses “nunca” deixaram “de acreditar”, porque tinham “verdadeira noção do quanto valia o projeto“.

O projeto Life pretende ser revolucionário e ecológico

O projeto Life consiste na elaboração de um “interior para uma aeronave executiva” que tenha em conta “fatores críticos na aviação”, como o peso e a produção de componentes, explica Pedro Pereira. O objetivo é “promover a utilização de materiais naturais e mais ecoeficientes”.

A investigadora do INEGI, Maria José Marques, explica ao JPN que a ideia foi “conseguir um interior com um design completamente revolucionário”. Para isso, criaram-se condições para que o ocupante tenha “uma visão muito mais ampla”, através de “muitas mais janelas do que numa aeronave normal”. Além disso, as cadeiras e o “acesso multimédia que se consegue ter na aeronave” são também fatores inovadores do projeto. A engenheira explica que “cada passageiro tem um dispositivo particular”, a partir do qual pode, por exemplo, “ver notícias, saber a que altitude está e qual a temperatura”.

Mas ainda há mais. O projeto Life desenvolveu, igualmente, uma esfera na qual está inserida uma cadeira e onde “a pessoa, no seu interior, teria uma visão tridimensional do que está a ser projetado”, explica Maria José Marques.

As cabines das aeronaves pretendem também ser mais leves e ecológicas. A investigadora acrescenta que a ideia utiliza materiais “mais sustentáveis, como a cortiça” e o “revestimento de grande parte das superfícies da aeronave” é produzido em couro. Com efeito, Pedro Carvalho garante que é utilizado um “couro ecológico”, “isento de crómio”. Além disso, a redução da espessura desta matéria prima torna o avião mais “leve e amigo do ambiente”.

Embora alguns dos produtos do projeto Life estejam a ser certificados ou em vias de certificação, alguns “são tão arrojados e inovadores que ainda estão numa fase embrionária”, admite Pedro Pereira, da SET. Desta forma, o gestor ressalva que “a solução completa” não estará tão cedo disponível. Ainda assim, ressalva, “alguns produtos terão introdução quase imediata no setor da aviação”.