O prémio Agrofood iTech foi atribuído à equipa que desenvolveu um vinho para alérgicos, no departamento de Química da Universidade de Aveiro. A entrega do prémio de investigação teve lugar no Salão Internacional de Agro-Negócios.
A iniciativa, destacada como “o maior evento nacional a nível de negócios e contactos nos setores agrícola, agroindustrial e florestal”, foi realizada nos dias 28 e 29 de março, em Santarém. Entre os 80 projetos “inovadores com potencial de comercialização” de várias instituições nacionais de ensino euperior distinguiu-se o projeto WineSulFree.
Baseado numa “produção de vinho sem sulfuroso”, que utiliza “uma película de quitosana”, o projeto tem como objetivo a criação de um vinho branco que não necessite de adição de anidrido sulfuroso. Desta forma, a película denominada quitosana substitui o sulfuroso, um composto químico “adicionado nas várias etapas de vinificação” de forma a evitar que microorganismos que degradam o vinho se multipliquem, assim como que o vinho oxide e se torna acastanhado. O sulfuroso provoca reaçoes alérgicas em algumas pessoas, mas o projeto WineSulFree veio tornar possível que os alérgicos a vinho o possam ingerir sem consequências.
O departamento de Química já estava envolvido em “muitos trabalhos na área da química do vinho” e num especificamente dirigido a uma empresa foi “lançado um desafio” de desenvolvimento de uma tecnologia “que pudesse substituir a adição de sulfuroso dos vinhos”, explica Manuel António Coimbra, docente. A intolerência de algumas pessoas ao vinho fez com que a equipa iniciasse um projeto de investigação, com alguns financiamentos. “Com naturalidade fomo-nos interessando pelos assuntos que a indústria nos diz que realmente são importantes para nós podermos investigar”, afirma o investigador.
“Nós não somos enólogos, somos químicos, mas os enólogos que trabalham nesta empresa acham que é uma boa solução”, diz. Relativamente ao prémio distinguido entre 80 projetos, Manuel António Coimbra confessa que “quando alguém concorre tem sempre alguma esperança” e que “é mais um fator de motivação no reconhecimento de um trabalho” que traz “mais responsabilidades”.
A investigação premiada vem assim revolucionar a produção de vinhos, sendo única no mundo, com uma tecnologia que a equipa espera que “possa vir a ser implementada no futuro”. Conservando as práticas enológicas das adegas comuns, o WineSulFree pode revolucionar a indústria vinícola.