A equipa que desenvolveu o Trimares conta com investigadores da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) ligados ao Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores do Porto (INESC-Porto). O pequeno submarino foi criado a pedido de um consórcio brasileiro que explora a barragem do Lajeado, no Brasil. A máquina chegou a terras brasileiras em julho do ano passado e estão neste momento a ser feitos vários testes.

“O projeto estará pronto daqui a cerca de um ano e meio”, diz Nuno Alexandre Cruz, um dos responsáveis pela construção do Trimares. O investigador da FEUP conta que existem processos que implicam algum tempo. “Agora que já terminamos a primeira parte (construção do submarino) e que o veículo já está no Brasil, a equipa que encomendou o Trimares tem de instalar uma série de sensores no submarino e programar bases de dados que permitam recolher a armazenar as informações obtidas quando estiver debaixo de água, e para isso necessitam da nossa ajuda, de forma a perceber como funciona a máquina”, explica.

A equipa portuguesa já esteve a dar formação no Brasil em setembro e os contactos entre os dois países mantêm-se bastante ativos. “Conforme estava planeado, houve três investigadores brasileiros que estiveram cá a recolher algumas informações e o próximo passo será uma nova visita nossa ao Brasil, que está prevista para daqui a um mês”, acrescenta.

O pequeno veículo, com 1,3 metros de comprimento e 80 centímetros de largura, tem uma autonomia de cerca de 10 horas e pode operar até um alcance de 40 quilómetros. É classificado com um veículo híbrido.

“Ele pode ser programado para cumprir uma determinada tarefa, vai de um ponto a outro sem necessitar de uma ligação física ao operador. Também pode ser ligado a um cabo de fibra ótica e podemos acompanhar em tempo real imagens de vídeo ou do sonar do veículo”, diz o investigador.

Parceria luso-brasileira para manter

A equipa brasileira, liderada pela Universidade Federal de Juiz de Fora, já conhecia o trabalho dos investigadores no INESC-Porto e decidiu contratar a equipa para este trabalho. Nuno Cruz garante que o feedback tem sido bastante favorável e avança que “já existe outra encomenda para um novo submarino, para um outro projeto, com a mesma equipa”.

O Trimares, construído integralmente pela equipa portuguesa, é o primeiro do género a nível mundial. Nuno Cruz confirma o orgulho de todos os envolvidos. “O facto de terceiros escolheram a nossa ideia dá muito valor ao nosso trabalho, mas isso também traz novas responsabilidades”, acrescenta.

Apesar de só entrar em ação a partir de 2013, o projeto já ganhou o prémio de Melhor de 2011, na categoria de Inovação, atribuído pela revista “Exame Informática”. Os criadores esperam que este seja um passo dado no sentido de uma aposta mais forte a este nível, naquilo que representa mais um avanço tecnológico feito por portugueses.