“Quantas promessas te fizeram que não foram cumpridas?”. É a pergunta que lança o vídeo da Conferência Episcopal Espanhola (CEE) sobre a promoção vocacional do sacerdócio. Assim, a propósito do “Dia do Seminário”, que aconteceu no mês de março, e durante dois minutos e meio, vários sacerdotes falam diretamente ao público jovem sobre a hipótese de se tornarem padres ou se converterem à vida religiosa.

Em resposta à pergunta inicial, surgem várias interpelações mas a que tem causado mais polémica é a inicial: “Eu não te prometo um grande salário. Prometo-te um salário fixo”, pode ouvir-se na gravação. O diretor criativo do vídeo, Santiago Requejo, explica que a frase foi pensada para causar impacto e prender a atenção dos jovens que, nesta altura, vivem na incerteza de ter um trabalho ou não.

“Há falta de emprego em muitos lados, mas não no sacerdócio”, afirma o padre Manuel Morujão, da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP). No entanto, parece-lhe que a ideia foi “encontrar um mote no emprego mas, certamente, mais do que resolver este problema, o vídeo quer que as pessoas pensem que há a alternativa de uma adesão a uma vida plena na igreja”.

O vídeo tem sido bem sucedido nas redes sociais e em dois dias recebeu 120 mil visitas no site de partilha de vídeos Youtube. Em sentido ascendente também têm sido as inscrições nos seminários em Espanha relativamente ao ano passado.

Para alguns representantes da Igreja Católica no país, este facto deve-se à estratégia promocional que foi o vídeo mas, para outros, a relação entre os dois acontecimentos não pode ser tão direta. Assim, o reitor do Seminário Metropolitano de Sevilha, que tem recebido a maior adesão em toda a Espanha, Miguel Ángel Núñez, aponta as Jornadas Mundiais da Juventude, que aconteceram em agosto de 2011 em Madrid, como o acontecimento responsável pelo despertar da vocação sacerdotal em muitos jovens. Para além disto, o reitor acrescenta que “o aumento de seminaristas não tem nada a ver com a vontade de ter um trabalho fixo, porque o sacerdócio é uma vocação e não uma profissão”.

O padre Manuel Morujão defende o mesmo ponto de vista, mas acredita nas potencialidades do vídeo espanhol, acreditando que “cada um é que sabe a vida que deve seguir”, mas “também não deve pôr de parte o que pode ser uma decisão por uma consagração de dedicação mais plena à igreja”.