Comprar material, juntar uma banda (ou arriscar a solo), ensaiar, gravar e tocar num grande palco parece parte de um processo demorado que pode levar anos a criar. Apesar da aparente dificuldade, o Porto oferece alternativas para quem tem ambição e, claro, algum talento.

Para António Silva, especialista de produto da loja Musicarte, ter bom material é essencial para “fazer uma coisa bem feita” . A loja de música recebe, diariamente, músicos que procuram material para começar ou melhorar uma banda.

Com material certo nas mãos o passo seguinte é ensair. No Porto, há muitas salas onde a música é bem-vinda. Para quem quer alugar uma sala própria, o Centro Comercial Stop continua a ser uma opção procurada, mas surgem outras possibilidades.

O Centro Atlântico, em Matosinhos, é partilhado entre lojistas e músicos. Nos estúdios, no piso inferior, cada sala custa 350 euros por mês, o que leva a que sejam, normalmente, partilhadas. No centro ensaiam bandas como GNR e Mundo Secreto. A zona industrial também surge como opção. Para Henrique Lopes, baixista dos Nema Trevo, “este polo está a crescer e começa a dar cartas”. As salas recebem bandas como Homem-Mau, O Bisonte e Nema Trevo.

Quem dispensa rendas mensais pode sempre recorrer a salas já equipadas, pagas à hora, onde basta apenas ligar o cabo e tocar. Na Fábrica de Som, situada na Avenida Rodrigues de Freitas, duas horas de ensaio ficam por 18 euros. Já o estúdio Entreparedes, na rua Entreparedes, custa oito ou dez euros à hora, com possibilidade de gravação.

“Do it yourself”

Ter um bom álbum ou um bom EP é essencial para uma banda se “mostrar” ao mundo. Como gravar um álbum num estúdio pode não estar ao alcance de todos, começam a surgir outras possibilidades. Gravar a partir de casa é uma opção que António Silva considera uma alternativa com boa qualidade.

Para quem quer apostar em gravações a partir de casa pode fazê-lo comprando uma placa de som, com preços a partir de cem euros, e um bom microfone que, segundo António Silva, varia entre os 150 e os 300 euros. Para gravar é ainda necessário um software específico para o computador. Apesar deste tipo de progamas ser, normalmente, muito caro, há versões trial de programas para produção de áudio como Sonar, Nuendo e Cubase.

Os Nema Trevo adotaram a filosofia “Do it yourself”, em que toda a produção do disco até ao design é feita integralmente pela banda. “Esta filosofia tem vindo a ganhar mais adeptos, diz Henrique. “Há vários artistas lá fora que gravam dessa forma”, explica. O caso de sucesso de Bon Iver, que vai atuar nos coliseus do Porto e Lisboa, em junho, é um exemplo de que é “possível gravar um álbum com um microfone”, conta.

“Dos sítios pequenos para os grandes vai uma diferença muito grande”

No meio de ensaios e gravações, a banda deve procurar promover-se. O Porto tem vários espaços onde as bandas se podem apresentar. Para o baixista dos Nema Trevo é mais simples arranjar concertos em salas pequenas e muito difícil nos grandes palcos.

Para as bandas que estão a arrancar há palcos mais recetivos. Espaços como Fábrica de Som e Casa Viva são acessíveis para receber novas bandas que se queiram lançar e ganhar experiência de palco.