Através de princípios já alcançados em estudos anteriores, um grupo de investigadores, liderado por Pedro Figueira, do Centro de Astronomia da Universidade do Porto (CAUP), conseguiu passar da teoria à prática e detetar a existência de “cerca de mil planetas que andam em redor de outras estrelas”, explica Filipe Pires, responsável pela unidade de deslocação do CAUP.

Os investigadores fizeram inúmeras simulações tendo em conta dados recolhidos pelo satélite Kepler, da NASA e o método científico dos trânsitos. Este método resume-se ao registo das estrelas, pelas variações na luz que irradiam, quando um planeta que, orbitando à sua volta, passa à sua frente. “Em princípio, este método é capaz de detetar, virtualmente, todos os sistemas planetários que existem”, afirma Filipe Pires.

Para além de provar que o sistema solar “é um sistema perfeitamente normal”, este estudo pode, ainda, lançar pistas quanto à existência de vida noutros planetas. De acordo com Filipe Pires, “este estudo mostra que as condições que existiram no sistema solar”, de grande estabilidade, “poderão ser muito frequentes”, incluindo aquelas que permitiram a existência de vida. “São pequenos passos que levam a que, daqui a alguns anos, se possam encontrar outros locais onde poderá haver vida”, explica.

Além deste estudo, o CAUP tem divulgado outras investigações para a compreensão do Universo. Filipe Pires explica que o motivo que favorece estas investigações é o envolvimento de Portugal em organizações como o Observatório Europeu do Sul e a Agenda Espacial Europeia, o que permite o acesso aos “melhores instumentos que existem” e “motiva os astrónomos a trabalhar ao nível dos melhores do Mundo”.”A astronomia é, de longe, a área cientifica com os níveis de internacionalização mais elevados. É a área mais competitiva que nós temos a nível nacional”, remata Filipe Pires.