A Universidade do Porto (UP) é a maior instituição de produção científica a nível nacional. Dados referentes ao período entre 2006 e 2010 indicam que a universidade produz mais de um quinto dos artigos científicos publicados em Portugal. Com um crescimento médio anual de 13,5%, é fácil perceber que a investigação é uma das principais apostas da universidade. E com bons resultados.

Dentro da universidade, a Faculdade de Ciências (FCUP) é a mais produtiva, com 25,2% do total de artigos publicados entre 2006 e 2010. Com um crescimento anual médio de quase 15%, o diretor da faculdade remata que, este ano, deverão, pelo menos, manter o mesmo nível de produtividade, apesar das difculdades. António Fernando revela-se bastante satisfeito com estes resultados, que expõe como “o sinal de um excelente trabalho da faculdade dentro da universidade e também para o país”.

A Faculdade de Medicina (FMUP) também conta com números impressionantes (24,9% da produção total durante o período em causa). Raquel Soares, vice-presidente do Conselho Científico da faculdade, confirma que “tem havido um crescimento muito grande nos últimos anos” e o “índice de qualidade dos trabalhos desenvolvidos na FMUP é muito positivo”.

A Faculdade de Engenharia ( FEUP) completa o pódio. Com um valor de 18,7%, é a faculdade que conta com o maior número de doutorados, com uma média de 365,8 por ano, no período entre 2005 e 2009. Nuno Alexandre Cruz, docente na FEUP e investigador do INESC-Porto, também ligado à faculdade, garante que “existem na UP condições para desenvolver trabalhos de investigação ao nível dos melhores do mundo”.

Qualidade de trabalho atrai colaboradores internacionais

Um dos pontos mais positivos resultantes deste crescimento é, sem dúvida, o aumento da colaboração internacional. A qualidade do trabalho feito na UP ao nível da investigação tem permitido um crescimento médio anual de 16,5% a este nível.

Um dos melhores exemplos volta a ser a Faculdade de Ciências. Neste aspeto, é a única da UP em que o número de projetos que envolvem colaboração internacional ultrapassa os 50%. Há cerca de 18 anos que António Fernando trabalha exclusivamente com projetos internacionais e partilha que a faculdade “está internacionalmente bem reconhecida”. O diretor da faculdade diz que “existem muitos contactos” e os investigadores conseguem “integrar equipas internacionais com relativa facilidade”.

Nuno Cruz fala por experiência própria. O investigador faz parte de uma equipa que recentemente desenvolveu o Trimares, um submarino autónomo construído a pedido de um consórcio brasileiro. Essa e outras experiências internacionais deram a Nuno uma perspetiva de reconhecimento internacional do trabalho feito na UP. “Temos inclusive vários investigadores estrangeiros a pedir para vir trabalhar para cá, o que é um sinal do reconhecimento do nosso trabalho”, explica Nuno.

A crescente internacionalização da investigação feita na UP é um sinal positivo do trabalho realizado. E com o o apoio à investigação a diminuir, são as próprias faculdades a procurar esses contactos externos, de forma a continuar a crescer sem sofrer com a crescente falta de financiamento do Estado.