A CAIS garante que, entre 2011 e 2012, houve um aumento dos sem-abrigo a receber apoio da associação de solidariedade social. Em declarações à Agência Lusa, Henrique Pinto, diretor executivo da CAIS, afirma que o número aumentou de 372 para cerca de 500 pessoas. No entanto, o perfil de quem procura apoio também pode estar a mudar, uma vez que há cada vez mais mulheres e jovens entre os 20 e 30 anos a recorrer à CAIS.

Num estudo feito em 2010, o Departamento de Desenvolvimento Social do Instituto da Segurança Social mostrava um perfil muito preciso do sem-abrigo: homem em idade ativa, solteiro e a viver de apoios estatais. Passados dois anos, o perfil dominante pode não ter mudado, mas a crescente procura de apoio por parte de mulheres e jovens pode contribuir para uma alteração do padrão no futuro.

Acerca desta mudança, Cláudia Fernandes, coordenadora local da delegação da CAIS no Porto, admite que o número de “mulheres e jovens tem aumentado”. Ainda assim, adianta que “este grupo não é significativo relativamente ao total de pessoas que recebem apoio”, sendo que “o perfil dominante na CAIS continua a ser homem entre os 25 e os 55 anos”.

O facto de haver mais pessoas nas ruas do Porto é, para Cláudia Fernandes, fruto da atual conjuntura económica. “Os subsídios têm sofrido alterações e, portanto, algumas pessoas regressam às ruas e outras iniciam percursos de rua”, afirma a coordenadora.

Para discutir um outro fenómeno que é, muitas vezes, a única opção para fugir à pobreza e a uma condição de sem-abrigo em Portugal, a CAIS promove amanhã, quinta-feira, o congresso “Portugal Emigrante – um não-coagido fluxo migratório”, em Lisboa.