Por esta altura, o “bichinho” da Queima começa a falar mais alto. É já no dia 6 de maio que começa a grande festa académica portuense, que mobiliza anualmente cerca de 350 mil estudantes, segundo dados da Federação Académica do Porto (FAP). Para inaugurar a edição de 2012, há a habitual Monumental Serenata, à 00h01 da madrugada de sábado para domingo, em frente à antiga Cadeia da Relação. Este é sempre um momento especial para os estudantes, principalmente caloiros e finalistas, que mobiliza quase toda a Academia.

Mais segurança e frequência nos autocarros-vaivém

Luís Rebelo, presidente da Federação Académica do Porto, diz que este ano vão voltar a existir os autocarros-vaivém, numa parceria com a STCP. Ou nos Aliados ou no Hospital São João, é possível apanhar um autocarro com destino ao Queimódromo, sendo que “a frequência será maior” e a segurança também. Para além da presença de mais polícias nos autocarros, a entrada será feita mais ordeiramente e o número de pessoas nos autocarros também será menor, garante Luís Rebelo.

Ao mesmo tempo, acorda a loucura dos próximos seis dias no Queimódromo, que se mantém no Parque da Cidade até 2013. À mesma hora, sobem ao palco principal os Basic Black, a banda vencedora do “Concurso de Bandas de Garagem – Salta da Garagem para o Palco Principal da Queima”. Depois, os brasileiros Grupo Revelação trazem o Brasil ao palco da Queima e enchem a noite de ritmos latinos.

Apesar da noite intensa, domingo é dia de acordar cedo. A Missa da Bênção das Pastas é às 11h00 na Avenida dos Aliados, celebrada por D. Manuel Clemente, bispo do Porto. À noite, quem manda é Boss AC. O rapper português, em digressão com “AC para os amigos”, promete uma noite recheada de muito hip hop, animação e “Sexta-feira” a plenos pulmões. A aquecer o palco estará a “dance scene” dos lusos Nu Soul Family, vencedores do MTV Best Portuguese Act, com “Never Too Late to Dance”.

Veteranos, novos nomes e poucos internacionais

Com o mote “Mais Cidade, Mais Responsabilidade, Mais Festa”, Luís Rebelo, presidente da FAP, diz que o objetivo deste ano é que a Queima das Fitas funcione como “um projeto de empreendedorismo”, para que a FAP seja vista como “um agente que dinamiza social e economicamente a cidade”.

Com uma tradição de cerca de 50 anos, o Dia da Beneficência, na segunda-feira, vai colocar alguns alunos da academia a recolher fundos pela Baixa do Porto, que revertem para instituições de solidariedade social. Com este tipo de atividades, o objetivo é “conseguir um outro tipo de mobilização”, já que Luís Rebelo diz que pretende que a queima não “seja só vista como uma festa de estudantes para estudantes” mas que “a cidade veja cada vez mais a Queima das Fitas como sua”.

A noite, essa também é dedicada aos artistas do Porto. Depois dos “aviões” dos Azeitonas, já experientes nestas lides, sobe ao palco o também veterano Rui Veloso, com tradição e muito sentimento. No Coliseu, entretanto, acontece o Concerto Promenade, com a Orquestra do Norte e a participação de 40 alunos. Uma noite mais calma e de preparação para o cortejo, que começa às 15h00 de dia 8. À semelhança da serenata, o cortejo é uma das atividades mais importantes da vida académica.

Para além dos cinquenta mil estudantes que enchem de cor e festa a Baixa portuense, são muitos os populares que se juntam para ver passar o cortejo. Para descomprimir, o humor invade o Queimódromo. Depois dos aguerridos Quim Roscas e Zeca Estacionâncio, é a vez de mais um concerto de Quim Barreiros, ao som do acordeão e ao sabor da cerveja.

Quarta-feira é um dos dias mais esperados. Depois do sucesso da “máquina” portuguesa Amor Electro, os escoceses Travis dão música aos estudantes do Porto, com o seu “britpop” de inspiração “beatle”. Quarta é, ainda, o dia do Festival Ibérico de Tunas Académicas, um ameno convívio entre tunas e estudantes, que tem lugar no Coliseu do Porto. Quinta-feira traz os inevitáveis Xutos e Pontapés e as “good-vibes” de Prana. Para quem quer outras andanças, 10 de maio é, também, dia de sarau cultural, um espaço de partilha de arte e convívio entre os estudantes.

Em dia de house e eletro, a 11 de maio, Steve Aoki é cabeça de cartaz. Depois de Tim Royko e Jean Elan em dj set e Cosmo Klein e Steve Edward em live act, o músico norte-americano promete animar a festa. Para os finalistas, o Baile de Gala é, também, uma ótima opção.

No sábado, o cenário é outro. À loucura libertina de PAUS, junta-se o kuduro de Buraka Som Sistema, prometendo uma das noites mais enérgicas da semana. Entre as 17h00 e as 02h00, para quem não apreciar o recinto, há o Chá Dançante, uma atividade do chá à ceia que obriga a verdadeiras “caças ao bilhete” e é destinado a alunos do penúltimo ano de curso. Domingo, para os mais corajosos, festeja-se a garraiada, na Póvoa do Varzim.

Bilhetes mais caros, mas mais de cem barraquinhas a preços académicos

Este ano, mantêm-se as tendas Electrónica e Mundos, que teve a sua estreia em 2010 e aposta em música alternativa, atividades culturais, exposições de fotografia, performances de dança e projeção de curtas-metragens. Para a primeira, até agora, está confirmado o DJ Overule a 8 de maio. Aparte dos concertos, também as barraquinhas dão música no recinto. Este ano são mais de 120, desde a dos Motivators, à Reino de Deus, à Metal&Bio, passando pela Quebra-cabeças, a Forever Alone ou a Super-Barraca 77.

Quanto ao preço dos bilhetes, este ano há um pequeno ajuste, traduzido num aumento de 50 cêntimos para estudantes e 1 euro para não estudantes. Os bilhetes custam, assim, 7,5 euros todos os dias, exceto nas noites de quinta e sexta, cujo preço é de 8 euros. Para os não estudantes, os preços são de 14 e 14,5 euros, respetivamente.

Luís Rebelo acredita que, este ano, haverá um decréscimo na venda de bilhetes, o que também justifica o facto da FAP se ter mostrado “mais contida” nos nomes apresentados este ano. “Se as pessoas têm menos dinheiro para gastar e estamos à espera de ter menos bilhetes vendidos, não podemos gastar o mesmo”, explica. No ano passado, a média por noite foi de 25 mil estudantes e Luís Rebelo acredita que este é um cartaz “bastante eclético” e que, apesar de tudo, esta vai ser uma “excelente Queima das Fitas”.