Depois do despejo, o movimento Es.Col.A vai reocupar a escola da Fontinha, a 25 de abril. A decisão foi tomada em assembleia popular, esta sexta-feira, no bairro da Fontinha.

A Es.Col.A da Fontinha foi despejada pela segunda vez, esta quinta-feira. A violência policial para com os manifestantes, que não contavam ser despejados e queriam manter a Es.Col.A aberta, aconteceu e deixou a comunidade da Fontinha descontente. Assim, revoltados, os populares do bairro portuense da Fontinha e os envolvidos no movimento Es.Col.A (Espaço Coletivo Autogestionado) reuniram-se em assembleia popular para decidir o que fazer após o segundo despejo.

Várias dezenas de pessoas assistiram à assembleia do largo da Fontinha. De megafone na mão, cada pessoa que queria intervir esperou pela sua vez e falou. O assunto a ser discutido na reunião do projeto versava quais as medidas a tomar para recuperar a Es.Col.A do Alto da Fontinha.

No início, a maior parte dos intervenientes na assembleia demonstrou o descontentamento pelo sucedido na última quinta-feira, 19 de abril, e pelo segundo despejo do Espaço Coletivo Autogestionado. Mas logo depois, a concentração e a razão chamaram o assunto principal à assembleia da Fontinha e propostas sobre o que fazer surgiram de imediato. A primeira proposta foi a reocupação da Escola do Alto da Fontinha a 25 de abril, dia da “Revolução dos Cravos”. A data foi escolhida não só pelo simbolismo de revolução e liberdade mas também por ser feriado – o que possibilita uma maior mobilização popular.

“Na Fontinha não há rei nem rainha”

A história do projeto do Espaço Coletivo Autogestionado da escola do Alto da Fontinha está disponível online, no blogue do movimento Es.Col.A.

Recuperar a Es.Col.A: como?

Ouviram-se palmas, gritos de liberdade e sotaque do Porto a pedir a Fontinha de volta. O carro da polícia municial passou duas vezes enquanto decorria o congresso popular e sempre que passava era insultado, vaiado e assobiado. “Tira a farda e junta-te a nós”, clamou uma ativista no meio do ajuntamento de população.

As ideias expostas em assembleia foram muitas. Desde um exército clown, de nariz vermelho, com todas as pessoas solidárias, com o objetivo de demonstrar à polícia que “a violência não resolve nada”, disse a proponente. Maria levantou o braço e também quis falar. A jovem propôs uma peça de teatro que contasse a história do despejo da escola e uma marcha no dia 25 de abril, nos Aliados.

A seguir foi a vez de Luzia intervir na conversação. Comovida, lembrou que a filha de cinco anos ficou sem a escola para poder brincar e aprender. Luzia fez um vídeo com a sua filha a pedir que a escola reabrisse, a colocar online, e propôs que todos os pais com filhos que frequentassem a Es.Col.A da Fontinha fizessem o mesmo.

Uma moradora propôs, ainda, perante os presentes que se acampasse no mesmo largo onde estava a decorrer a assembleia. “Fazemos como os ciganos, montamos as tendas”, exclamou. “Não saímos daqui até nos darem a Fontinha outra vez!”, gritou.

O povo da Fontinha e os ativistas não arredaram pé, mesmo com chuva e frio a incomodar. Estes parecem não querer parar de lutar e reaver o espaço da escola do Alto da Fontinha é o objetivo principal do movimento.