Em entrevista ao The Guardian, Tim Berners-Lee demonstrou a sua preocupação e desagrado face às grandes empresas. O inventor da web acusa empresas como o Google e o Facebook de utilizarem a informação que obtêm dos utilizadores para servir os seus próprios interesses. Contudo, a tentativa de alguns regimes tentarem controlar a rede, é uma das maiores preocupações de Berners-Lee.

Face às declarações do criador da Internet, Diogo Gomes, docente no departamento de Eletrónica, Telecomunicações e Informática da Universidade de Aveiro (DETI), revela que as empresas apenas utilizam “as toneladas de informação” que “foram os próprios utilizadores que lhes deram”.

Assim, de acordo com o professor, a defesa da privacidade dos utilizadores passa, precisamente, por eles mesmos. “Se eu não acho que a Google deva ter informações pessoais minhas, cabe-me a mim não lhas dar. Existe um contrato”, explica, acrescentando que, “antes de entrarmos no negócio, a Google diz-nos que vai usar a nossa informação”.

“Nós temos um conjunto de serviços fornecidos de borla. Se são de borla, nós somos o produto, neste caso, dos anunciantes. Nós somos os produtos que eles vendem aos anunciantes”, defende o especialista.

Apesar de a maioria da informação ser cedida por parte dos utilizadores, a Google, por exemplo, possui mecanismos sofisticados de recolha de conhecimentos pormenorizados de quem usa os seus serviços. “Quando alguém escreve um artigo no jornal como seu e diz que foi o Diogo Gomes que deu a declaração, o Google passa logo a saber que eu percebo do assunto, mesmo que não lhe tenha dito nada. E isso é algo que será muito difícil de controlar”, explica o docente da Universidade de Aveiro.

No entanto, o acesso à informação dos utilizadores permite, ao mesmo tempo, um serviço mais personalizado, quer nos conteúdos procurados, quer na publicidade que surge com frequências nas janelas. “O facto de as empresas terem essa informação pode ser muito útil, pois permite que possa interessar-me muito mais pelos anúncios, uma vez que são todos orientados pelas minhas preferências”, diz o docente. Isso, consequentemente, faz com que os utilizadores estejam “mais predispostos a dar-lhes muita informação” e consigam ver isso “como uma mais-valia”.