No n.º 262 da rua do Almada, há um hotel, à primeira vista, igual a tantos outros. No entanto, o Pão de Açúcar esconde uma coleção de objetos antigos, espalhada pelos vários andares do edifício. Entre estas peças, encontram-se, por exemplo, brinquedos, eletrodomésticos e até mesmo a parte dianteira de um Ford Anglia, de 1964.
O dono do hotel, Filipe Barrias, explica ao JPN que começou a colecionar objetos antigos há cerca de treze anos. Diz o empresário que começou “a gostar de brinquedos antigos” e, depois de iniciar a coleção, “o bichinho ficou”.
Há cerca de oito anos, com a mudança de decoração do hotel, Filipe Barrias decidiu expôr “uma pequena amostra” com algumas peças da sua “coleção particular”. Agora, vai trocando os objetos em exposição, que adquire em feiras, “nomeadamente de automobilia” (peças colecionáveis ligadas a carros antigos ou personalidades relacionadas com a área).
Apesar da variedade de peças que se podem encontrar, os brinquedos antigos são os que “têm maior predominância”, assim como “outras peças de decoração“.
Ao expôr a coleção, o Hotel Pão de Açúcar procura ser um “hotel temático, um conceito novo na prática da hotelaria”, explica Filipe Barrias. Nesse sentido, a ideia é “dar uma imagem diferente” do setor, sem ser “demasiado conservadora”.
“Ninguém fica indiferente” aos objetos antigos
Filipe Barrias conta, ao JPN, que os hóspedes do hotel mostram “estupefação” perante os objetos expostos. As pessoas “aderem muitíssimo bem”, uma vez que há “algo que identifica
muitas vezes a infância ou a juventude”. “O cliente fica amarrado àquela peça pelas vivências que teve e vai identificar-se com as suas memórias“, acrescenta o empresário.
Uma das reações mais emotivas de que Filipe Barrias se recorda foi a de um colecionador português que visitou a coleção e, perante o Ford Anglia exposto na sala de estar, “ajoelhou-se em frente ao carro e, com uma lágrima no canto do olho”, disse que aquele tinha sido o seu primeiro carro. A história foi transposta para um álbum que pode ser consultado na receção do Pão de Açúcar e que conta “as histórias que as pessoas mais velhas tiveram através da aquisição desses carros durante a sua juventude”, explica o dono.
Filipe Barrias considera que este é um exemplo de que “os objetos antigos” tocam e marcam as pessoas. Embora algumas possam “gostar de conceitos mais modernos”, o empresário acredita que “ninguém fica indiferente” à coleção e que esta “acaba por mexer com toda a gente”. Há, inclusive, pessoas que mostram interesse em comprar algumas peças. No entanto, para Filipe Barrias, essa é uma hipótese fora de questão.
Coleção de antiguidades é a “marca do hotel”
Sobre os artigos da coleção, o dono afirma que estes são a “marca do hotel” e que a “aposta não é, propriamente, dar um conceito específico, mas ter determinados objetos de várias décadas do século XX”. Além disso, acrescenta que pretende mostrar peças que “não são muito vulgarmente expostas”.
Exemplo disso são as três enceradeiras, um objeto que, normalmente, não é muito exposto. Também em exposição estão dois aspiradores, uma máquina de café e dois televisores, um dos anos 50 e outro dos anos 80. No 5.º andar, há, ainda, “uma série documental, prospetos e flyers turísticos do anos 30, todos originais”, acrescenta o empresário.
A coleção pode ser visitada no Hotel Pão de Açúcar e na Internet. É possível ver, no site do espaço, algumas fotografias de objetos, que serão, em breve, organizadas num “armazém virtual”.