Depois da última assembleia, ainda não se discute a reocupação do edifício da antiga escola primária do bairro da Fontinha. Desta vez, as prioridades centram-se nos pontos da ordem de trabalhos: a situação dos grupos de atividades, a retomar já amanhã, e a programação da intervenção do Es.Col.A nas ações do feriado de 1 de maio.

Mais uma vez, o debate começou às 18h30, no Alto da Fontinha. Com cerca de 20 pessoas no início, declarou-se o fim da assembleia com cerca de 50. Começando pelas ideias pendentes da última assembleia, avançou-se com a ideia de “encher o livro de reclamações da Câmara Municipal do Porto, por ter inviabilizado o projeto da Fontinha”. Em grupo ou não, prometem começar a levar as reclamações já na segunda-feira ao Gabinete do Munícipe.

Mas segunda-feira é um dia cheio. A partir das 17h00 há aula de yoga em frente à CMP e uma apresentação do grupo de teatro, que retoma os ensaios já amanhã. Depois da assembleia municipal, onde muitos dos habitantes pretendem marcar presença, há uma ação simbólica, que gerou discussão pela tarde fora. Enquanto alguns comiam aqui e ali, outros debatiam a recolha de tijolos para construir “um muro simbólico” em frente à Câmara Municipal do Porto, em resposta ao entaipamento da escola. Outro dos presentes considerou ainda mais adequada a “colocação” de um jardim que simbolizasse a “semente” que é a Fontinha e que pudesse ser replicado em outros pontos da cidade. “De paredes gostam eles, nós não”, consideravam. Decidiu-se, portanto, que cada um levava o que pretendesse, fossem tijolos ou flores.

Detidos no despejo debatem-se com questões legais

Depois de sair à rua em marcha para dar a conhecer o projeto e reivindicar direitos no dia 1 de maio, na quarta-feira há mais uma mobilização. A Fontinha junta-se em força no Tribunal de Pequena Instância Criminal do Porto. Às 14h00, dá-se o julgamento dos dois detidos no despejo de 19 de abril. Entretanto, reúnem-se fundos na comunidade. Com despesas legais a rondar os mil euros, já se conseguiram juntar cerca de 400 só entre os moradores do Alto da Fontinha.

Levantou-se, ainda, a possibilidade da criação de uma horta comunitária, voltou a discutir-se a questão da “loja social” e debateu-se a associação do movimento a sindicatos e outras coletividades. Enquanto uns defendem que o projeto “não deve ser conotado a partidarizações nem movimentos sindicais”, outros acreditam que “a conotação a movimentos anarquistas pode ser uma resposta à necessidade das pessoas rotularem o Es.Col.A” e granjear mais apoios, já que não veem qualquer problema em que o Es.Col.A. complemente “atividades de outros grupos”.

Quanto às atividades para as crianças, mostraram alguma preocupação no facto de estas poderem ter menos vontade de frequentar o apoio escolar. “Antes elas iam para a escola não só para o apoio educativo. Agora, no largo, nesse horário, só vão mesmo para isso e podem preferir ficar a fazer outras coisas”, disse um responsável. O grupo de trabalhos manuais confirmou a sua continuidade, às sextas, no largo. Aos poucos, a Fontinha tenta voltar à rotina, com os meios humanos e os recursos de que dispõe.

A assembleia ficou ainda marcada pela divulgação de um novo mote: “Um rio que só serve para fazer despejos, é um esgoto”, pela afirmação clara de que, ali, “ninguém tem problemas com o Rui Rio pessoa, mas com o Rio presidente” e de que a divulgação deve ser feita já, porque um dos objetivos é “que haja outras Fontinhas no futuro”. A próxima assembleia está marcada para quarta-feira, às 18h30, no local de sempre.