Todos os anos, o Dia Internacional da Dança é assinalado com apresentações de dança das mais diversas instituições, academias e outros projetos que promovem a arte de saber dançar. Este ano, o Núcleo de Experimentação Coreográfica (NEC) do Porto propõe algo diferente: uma experiência coreográfica com um grupo de idosos. Esta iniciativa está inserida no projeto “Começar pelo fim” e pretende comemorar o dia 30 de abril com um grupo de pessoas que, geralmente, estão distanciadas do mundo da dança.

Em conversa com o JPN, Cristiana Rocha, diretora artística do NEC, afirma que o núcleo está numa área “envelhecida” e que cruza públicos “muito diversificados”. A zona da avenida Rodrigues de Freitas é “habitada por pessoas de uma idade avançada”. Este projeto teve início, justamente, após “a tomada de consciência de que não iria ser possível abarcar toda a vizinhança” e, portanto, surgiu a oportunidade de trabalhar com idosos, entre os 75 e os 95 anos, que frequentam o Centro de Convívio do Bonfim e o Centro Cultural e Desportivo dos Trabalhadores do Serviço Sub-Regional de Segurança Social do Porto.

As limitações de memória e o cansaço desafiam a criatividade

A ideia de trabalhar e trocar experiências com pessoas idosas através da dança vem dar continuidade ao levantamento fotográfico que o fotojornalista Paulo Pimenta fez na avenida Rodrigues de Freitas, cujo trabalho pode ser visto aqui. Além do fotojornalista do jornal “Público”, também Cristiana Rocha, Gilberto Oliveira, Teresa Prima e Vera Mota colaboram no “Começar pelo fim”.

Os ensaios têm decorrido uma vez por semana e, para Cristiana Rocha, tem sido “uma experiência muito gratificante” porque as pessoas estão “bastante disponíveis e sensíveis para experimentar novas formas de se relacionar e comunicar”.

A vontade de “trabalhar corpos que enfrentam limitações de memória, cansaço e mobilidade” é também um desafio. “Começamos a olhar para a terceira idade não como um fim, mas como algo que se inicia a partir dessas mesmas limitações”, diz.

Definir aquilo que vai ser apresentado a 30 de abril, a partir das 17h30, na Biblioteca Municipal do Porto, nos jardins da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e na sede do NEC não é, para Cristiana Rocha, fácil. “É mais o assinalar de um dia importante” para quem pratica dança, “uma partilha com o público que, na verdade, não se pode chamar de espetáculo”, diz.

O “Começar pelo fim” pretende, apenas, criar laços e trocar experiências com um público de uma idade mais avançada.