Nicolas Sarkozy, presidente francês que se recandidata agora ao cargo, deixou rasgados elogios aos emigrantes portugueses do país, classificando a comunidade portuguesa em França como “um exemplo de integração, de respeito de qualidade e de trabalho”. Em entrevista à RTP, o chefe de Estado francês disse, ainda, que os habitantes do país “adoram e admiram os portugueses” pela sua “seriedade e rigor”.

Numa outra entrevista, publicada na passada sexta-feira, no Expresso, Sarkozy voltou a elogiar os emigrantes portugueses e seus descendentes, realçando a sua importância para o país a vários níveis. “A imigração portuguesa em França é um caso de escola: no decorrer dos anos 60, o número de portugueses em França passou de 50 mil para 700 mil. Ora, não somente estes imigrantes se integraram perfeitamente no nosso país, enriquecendo a nossa economia, a nossa cultura e partilhando os nossos valores, mas também a sua epopeia tornou-se parte integrante do ‘romance nacional’ da França”, diz.

Lembrando que ele próprio é descendente de imigrantes, Sarkozy considera que “a nação é o produto de uma história milenar”, na qual “cada francês, sejam quais forem as suas origens, deve reconhecer-se para aí ocupar o seu próprio lugar e enriquecê-la com tudo o que faz a sua identidade pessoal”.

“Esta alquimia funcionou maravilhosamente com os imigrantes portugueses e os seus descendentes franceses”, acredita. Como tal, “o destino dos portugueses e seus descendentes em França é hoje inseparável do povo francês no seu conjunto”, finaliza.

Isabel Alves, do Museu da Emigração e das Comunidades, interpreta as declarações do presidente francês como uma “jogada política”. “Por um lado, é um piscar de olhos aos votos da extrema-direita. Além disso, os portugueses e luso-descendentes em França têm cada vez mais importância política e social no país, alguns na própria máquina política de Sarkozy”, afirma. “No entanto, creio que a comunidade portuguesa não será muito afetada ou influenciada, já que estão perfeitamente integrados na sociedade”, conclui Isabel Alves.