As semanas académicas aproximam-se e, com elas, a realização de garraiadas, como a que está marcada para 13 de maio, na Póvoa do Varzim, inserida na Queima das Fitas da Academia do Porto. A pensar nisso, o Movimento Universitário pelos Direitos dos Animais (MUDA) realizou um apelo, esta quarta-feira, a todas as associações académicas, para não realizarem as tais garraiadas.
Mariana Pinho, no MUDA, considera que “não faz sentido nenhum existirem garraiadas inseridas num espaço de conhecimento científico que é uma universidade”. Para a estudante de Sociologia, numa altura em que tantos alunos abandonam o ensino superior por dificuldades financeiras, as associações académicas canalizam recursos económicos e humanos para estas práticas. “A tradição não pode ser desculpa para mal tratar e humilhar os animais”, defende, em declarações ao JPN.
O grupo de estudantes universitários, que conta com 25 membros e sem qualquer apoio financeiro, promete que vai “agitar as águas em prol de uma mudança social séria e justa, que promova respeito”. “O que nós queremos é, pacificamente, ocupar as universidades para promover o pensamento crítico”, refere.
Grupo de amigos bate-se pela defesa dos direitos dos animais
A estudar Sociologia na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova de Lisboa, Mariana Pinho esteve na origem da criação deste movimento. Tinha acabado de ver um protesto contra o uso das peles de animais em frente a uma loja de roupa quando a ideia surgiu, juntamente com amigos que já marcavam presença em protestos contra as touradas organizadas pela ANIMAL .
“Por que é que não fazemos um movimento que tenha como objetivo consciencializar estudantes para a realidade animal, organizando debates, workshops, encenações?”, questionaram-se. A ideia passou para o papel e, juntamente com estudantes da Faculdade de Ciências da mesma universidade, organizou uma reunião, em janeiro.
Ainda nesse mês foi pensada a sigla e criado MUDA. A primeira iniciativa do movimento foi um debate baseado no filme sobre touradas, “Taking the Face“. O MUDA também marcou presença na marcha pelos direitos dos animais, que aconteceu a 14 de abril, com a faixa: “Não há apoios para estudar mas há para torturar? Fim dos apoios à touromoquia!”.
A próxima iniciativa agendada é um debate sobre a indústria da carne mas, neste momento, o que preocupa o MUDA são “algumas ações contra a garraiada académica” que vai acontecer no Campo Pequeno, em Lisboa, a 10 de maio.