O primeiro dia de Queima das Fitas não desiludiu, apesar de a noite ter começado mais tarde. Quando o relógio marcava as 00h01, a Monumental Serenata marcou o início de mais uma edição da Queima das Fitas do Porto. Um mar de negro que se juntou em frente à antiga Cadeia da Relação para dar as boas-vindas à semana mais longa da Academia do Porto.

Depois dos fados que “gritavam” saudade, os autocarros gratuitos de acesso direto ao Queimódromo partiam completamente repletos. Na primeira noite, o caminho para o recinto começou na praça da República, onde até havia fila para os táxis. Uma escolhe menos económica mas bem mais confortável, como explicou Vasco, aluno de Arquitetura.

dentro do táxi, ouvem-se histórias de quem já tem a profissão há muitos anos e já passou muitas “Queimas” a trabalhar. Carlos Manuel tem 59 anos e transporta pessoas há 23. O taxista confessa que a parte mais desagradável da Queima das Fitas é o abuso da bebida. Em alturas em que é difícil o transporte dos passageiros, Carlos Manuel afirma que deve imperar o “bom-senso” e que a “experiência” de cada um é importante.

Primeira noite com samba no pé

À chegada ao Queimódromo já se ouvem os sons característicos da semana mais louca do ano. Se de um lado da cidade se ouviam os fados em lágrimas, no Queimódromo o ambiente é muito mais ligeiro.

O Grupo Revelação põe a multidão a sambar, a acompanhar o ritmo com palmas e, como os próprios dizem, a “tirar o pé do chão”. A banda, que surgiu no Brasil em 1991, prometeu trazer muita alegria e dança ao Porto e não desiludiu. A música aqueceu quem assistia ao concerto e o grande momento da noite surgiu com os primeiros acordes de “Deixa acontecer“, que foi repetida no final do espetáculo.

A satisfação com o concerto era geral e Maria Girão, estudante de Jornalismo na Universidade Fernando Pessoa, arriscou logo na primeira noite e disse mesmo que foi “o melhor concerto da Queima”. Isabel Cortez, também estudante de Jornalismo na Universidade Fernando Pessoa, garante que, apesar de não conhecer algumas músicas, o concerto foi “espetacular”. No entanto, existem ainda vozes “do contra”. Ricardo Martins, 21 anos, aluno de Educação Física e Desporto do ISMAI, explica que o primeiro dia de Queima das Fitas é “muito bom”, mas a música não.

Mas a abertura do palco principal tinha sido já feita pelos portugueses Basic Black, vencedores do concurso de bandas de garagem organizado pela Federação Académica do Porto (FAP).

A noite em que se “queima” menos dinheiro

Depois dos concertos, a multidão dirigiu-se para a zona das barracas, em busca do convívio e da bebida. Apesar de o recinto se encontrar repleto, aqueles que acumulam anos de experiência a trabalhar na Queima das Fitas, explicam que o primeiro dia é aquele em que se vende menos. Daniel Braga, 21 anos, aluno do curso de Engenharia Mecânica da FEUP, é responsável pela barraca da Tuna de Engenharia (TEUP). O aluno “transformado” em barman explica que é normal haver uma baixa nas vendas do primeiro dia e que este é “o pior dia da semana”.

Na hora de deixar o Queimódromo, os estudantes que se dirigem à paragem dos autocarros grátis, deparam-se com uma novidade: um novo sistema de organização da fila de acesso ao “autocarro da Queima”. A fila, agora, é rodeada de grades e agentes da Polícia de Segurança Pública (PSP), que orientam quem espera pelos autocarros que partem sempre com a capacidade aconselhável.

Para a segunda noite de Queima das Fitas do Porto o Queimódromo vai encher com os sons portugueses de Boss AC e dos Nu Soul Family.