Embora ainda não se conheçam muitos pormenores sobre o projeto que, no pavilhão de verão da Serpentine Gallery, em Londres, une os arquitetos suíços Herzog & de Meuron e o artista plástico chinês Ai Weimen, quatro anos depois do “Ninho de Pássaro” o estádio nacional de Pequim, é certo que a cortiça vai ser o material fundamental da intervenção, deixando mais uma marca nacional no estrangeiro.

“Soubemos há pouco tempo. Foi uma escolha dos arquitetos”, explicou Carlos Jesus, diretor de Marketing e Comunicação da Corticeira Amorim (CA), fornecedora do produto, ao jornal Público.

O projeto, que vai poder ser visto de 1 de junho a 14 de outubro, vai utilizar dois tipos diferentes de cortiça construídos em Portugal, uma para estrutura e outra para mobiliário. A Corticeira Amorim também vai ficar encarregue do apoio e consultadoria durante a construção do pavilhão.

“Isto é extremamente positivo para Portugal. Além de nos colocar num nível de visibilidade e exigência estética e arquitetónica muito alto, vai permitir que mostremos tudo o que se pode fazer com a cortiça”, afirmou Carlos Jesus.

A cortiça como elemento estruturante

Conforme anunciado pela Serpentine, o pavilhão deste verão vai proporcionar uma viagem aos projetos dos anos anteriores, representados em doze colunas, uma para cada edição, construídas através da recuperação dos vestígios das intervenções e que vão apoiar uma plataforma flutuante a 1,5 metros acima do chão. Nesta obra, a cortiça surge como um elemento estruturante, pois, segundo os arquitetos, trata-se de um “material natural, com fortes mais-valias aos níveis do tato e do olfato, de grande versatilidade, permitindo ser facilmente esculpido, cortado, moldado e formado”.

Para António Ramos, presidente da CA, esta “é uma oportunidade ímpar de demonstrar ao mundo que a cortiça não é apenas um produto único, mas também um material tecnologicamente relevante para o século XXI”, refere, em comunicado.

O reconhecimento desta relevância terá sido muito favorecido pelo sucesso do Pavilhão de Portugal na Expo 2010, em Xangai. “O pavilhão, todo revestido com cortiça, foi um dos mais visitados e acabou premiado”, explicou Carlos Jesus, acrescentando que, desde então, a empresa se tem dedicado também a promover “estas particularidades técnicas”.