A Erasmus Student Network (ESN) foi criada em 1989 (dois anos após o lançamento do programa Erasmus), oficialmente registada em 1990 e opera, atualmente, em 36 países.

A melhoria da integração dos estudantes do ensino superior quando estão fora do seu país, a representação das suas necessidades e direitos – a nível nacional e internacional – e a valorização do voluntariado e de uma cidadania ativa são os principais objetivos desta rede europeia.

Sendo uma das maiores associações de estudantes da União Europeia (UE), conta com mais de 15 mil elementos e advoga o lema “Student for Student”. Em Portugal existem seis secções distintas: em Lisboa, no Porto, em Braga, em Aveiro, em Évora e em Coimbra.

ESN Porto “vive” dos voluntários

A ESN Porto existe desde 1991, embora na altura tivesse outro nome. Pedro Silva, atual vice-presidente da instituição, esclarece que a ESN “foi criada por alunos que, quando tiveram a sua experiência de mobilidade, sentiram dificuldades, problemas em sentir-se acolhidos”. “Era necessário alguém que conseguisse arranjar casa às pessoas, falar com o senhorio, estabelecer contactos”, refere Pedro.

Desde então, a ESN Porto desenvolveu-se bastante, também para acompanhar o crescente número de alunos de mobilidade no Porto. “O número de [alunos] Erasmus tem aumentado e, devido a isso, a ESN tem até um problema de logística, porque não consegue responder da maneira que é usual a todos”, admite. A ESN Porto conta com 25 voluntários e um estagiário – também ele num programa de mobilidade de estágio.

Pedro Silva explica que a ESN não promove nenhuma atividade que os alunos não sejam capazes de fazer por eles próprios. “O que nós fazemos é simplificar tarefas, ou seja, no início temos uma semana de receção muito forte, em que temos sempre pessoas ativas no gabinete para a ajuda na procura de casa, por exemplo”, explica.

O vice-presidente da ESN Porto afirma que uma instituição como a ESN é o ponto “mais óbvio num sistema de estudos”. “Movimentam-se cada vez mais pessoas e estas sabem que têm com quem contar – basta imaginar o que é chegar a um país onde não se conhece nada, não se fala a língua”, lembra.

O sistema de buddy é um dos pontos importantes dos primeiros dias do estudante Erasmus no país de acolhimento. “Os buddies são tutores, as primeiras pessoas com quem os alunos falam quando chegam ao país. Ajudam a procurar casa, a perceber como funciona a cidade”, afirma. No gabinete existe ainda outro tipo de ajuda, para os estudantes que não sabiam da existência do programa buddy ou que têm dificuldade com a língua”.

A ESN Porto organiza, durante todo o ano, viagens, festas e encontros. “Nós organizamos tudo, conseguimos entradas em museus grátis, preços bastante acessíveis para os Erasmus e a nossa grande vantagem é ajudá-los a esse respeito”, explica Pedro. Dar a conhecer um pouco mais de Portugal e da cultura nacional é, para Pedro Silva, “criar um espírito saudável para que consigam integrar-se na comunidade”.

“Por norma, 99% dos alunos agradecem-nos no final”, confessa Pedro. O vice-presidente da ESN garante que recebem “sempre centenas de e-mails a agradecer” e que é esse feedback que os faz continuar o trabalho desenvolvido.

Pedro Silva conclui que o programa Erasmus é muito importante mas reconhece alguns problemas, nomeadamente ao nível da credibilidade académica. “Temos a certeza de que há muitas faculdades às quais os Erasmus vão só para assinar papéis e ir embora. Isso desprestigia um pouco o programa em si”, reflete. Contudo, Pedro não hesita em afirmar que, “como ferramenta de aprendizagem de vida, é muito bom”.

A ESN para quem vem

Daniele Pastorino, 23 anos, está a fazer Erasmus no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar ICBAS, em Medicina. Natural de Roma, o estudante admite que veio para o Porto depois de marcar presença numa Queima das Fitas. “Adorei tudo aqui. A faculdade é espetacular, o espírito e a tradição são muito diferentes de Itália. É uma cidade espetacular para viver”, confessa Daniele.

Para o estudante de Medicina, depois de estarem já instaladas, “as pessoas fazem uma outra vida e têm os seus próprios grupos mas, no inicio, é muito muito importante o acolhimento da ESN”.

Daniele não esquece todas as outras atividades proporcionadas pela ESN. Exemplo disso foi o “National Meeting” de estudantes Erasmus que Daniele descreve como “espetacular”. “Foram mais de mil pessoas, na mesma cidade, em festa”, recorda.

A ESN é “uma motivação para unir os alunos Erasmus”. “As pessoas que trabalham com a ESN são espetaculares, são amigos”, conclui.