Festejar um século de existência é mais comum do que há dez anos. O número de pessoas que vive uma viragem de século aumentou em todo o mundo. No Reino Unido, segundo o Instituto de Estatística Inglês, um em cada três bebés nascidos este ano pode chegar aos 100 anos.

Em Portugal, o número de pessoas com mais de cem anos passou dos 589, no Censos 2001, para 1791 no ano passado. Mas haverá algum ingrediente responsável pela subida no ranking da longevidade?

O dia 25 de abril de 2012 marcou o 38.º aniversário da “Revolução dos Cravos”, com o fim do Estado Novo. Mas, para Joaquina Meireles, foi algo mais: o festejo de um centenário de vida. O Lar Residencial São Nicolau, sua casa há oito anos, celebra o primeiro centésimo aniversário. A já trisavó diz não ter “truques” para a longevidade, mas considera essencial o apoio da família.

Joaquina Meireles, nascida em 1912, viu passar por ela duas guerras mundiais. Apesar de já ter algumas “marcas da idade”, a centenária mantém o espírito jovem, segundo o filho, António Peixoto. A vontade que ainda tem de passear, dançar e de se arranjar fazem dela uma senhora à frente do seu tempo, considera.

Hermínia Macedo, responsável pelo Lar Residencial São Nicolau, encontra a possível resposta para a crescente existência de portugueses centenários no passado. Carina Teixeira, educadora social no mesmo lar, concorda e considera que o passado pacífico de Joaquina se reflete na longevidade.

Melhores condições de vida e maior mobilidade em tempos de juventude, por obrigatoriedade de trabalho ou não, podem dar um futuro mais longo, afirma Hermínia Macedo. O estímulo intelectual, a par do físico, também tem um importante papel para a preservação, remata.

O relatório do Office for National Statistics (ONS) prevê que, em 2047, mais de 95 mil pessoas, que têm atualmente 65 anos, venham a celebrar o seu 100.º aniversário. O documento, citado pelo “The Telegraph”, aponta que o número de centenários deverá aumentar 40 vezes nos próximos 50 anos.

A sociedade sénior

Devido à crescente procura, registou-se um aumento das universidades seniores, que passaram de 15, em 2001, para 190, em 2012. Um estudo da Rede de Universidades da Terceira Idade mostra que a comunidade sénior está a adaptar-se às novas tendências. De acordo com o estudo, em 2000, apenas 13% dos idosos afirmavam ler regulamente, número que cresceu para 22% em 2010. A Internet também já não é novidade para os seniores. O número de “navegadores” idosos, que em 2001 rondava os 5%, subiu para 32% em 2010.

Com o crescente número de portugueses centenários e crescimento da longevidade da população, tem havido uma aposta no setor sénior. Desde os cinemas, teatros, museus, turismo e transportes, os idosos podem hoje beneficiar de várias vantagens. O setor da saúde também responde à alteração demográfica com a criação de novos lares e clínicas e mais apoio domiciliário.