Com a época de 2011/2012 a chegar ao fim, chegam os anúncios de retirada do futebol profissional de “veteranos”. No leque estão nomes como Van Nistelrooy, holandês que passou por clubes como Manchester United e Real Madrid, Inzaghi e Del Piero, dois italianos que se tornaram símbolos dos clubes que representam, AC Milan e Juventus, respetivamente.

Em Portugal, o jogador português que mais golos marcou no principal campeonato de futebol tem 36 anos. É avançado e ainda conta jogar, pelo menos, mais uma temporada.

Mas quais serão os fatores que influenciam a possibilidade de jogar mais uma época? José Soares, professor catedrático de fisiologia da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP), considera que a “idade certa” de retirada dos jogadores varia de acordo com a sua posição em campo. As posições que exigem um envolvimento físico menor, caso dos defesas e guarda-redes, têm, regra geral, uma maior longevidade, afirma.

O professor encontra alguns sintomas da “velhice” em campo. A incapacidade de recuperar do cansaço, falta de condição física e maior propensão a lesões são determinantes fatores do avançar da idade. Posições como os médios e os avançados, que exigem maior esforço físico, tendem a “pendurar as botas” mais cedo. “Aos 35 ou 36 anos”, afirma.

Quem mostra provas em contrário é João Henrique Pataco Tomás, conhecido no mundo do futebol como João Tomás. O jogador tem 36 anos e ainda pratica futebol profissional. Com passagens pelo Al-Arabi, do Qatar, Bétis de Sevilha e pelo Benfica, o avançado internacional encontrou o Rio Ave como casa e continua a dar que falar, consagrando-se o português com mais golos na época de 2011/2012.

Para o avançado, o “estar velho para jogar futebol” é uma questão de cultura e mentalidade. As pessoas pensam que “começamos a chegar a uma idade em que ficámos sem opções de ser competitivos e de estar ao nível dos outros”, afirma. João Tomás considera que esta mentalidade não se dá noutras ligas, como a italiana, em que os jogadores chegam, por vezes, a jogar com 38 ou 40 anos.

Apesar do internacional português achar que chegou a uma idade em que já levou “com muitos jogos nas pernas”, promete jogar mais uma época. Na época de 2011/2012 João Tomás marcou um total de 11 golos nos 27 jogos ao serviço dos vilacondenses do Rio Ave.

Cuidados alimentares após retirada

Andreia Santos, nutricionista, defende que os cuidados alimentares são essenciais para a manutenção de uma carreira de alta competição, a par de outros como fatores psicológicos e sociais. Não cuidar da alimentação é como “ter um Ferrari e não ter gasolina”, refere.

Após a saída da atividade profissional há vários riscos, caso não haja um cuidado continuado. Andreia Santos considera que tem de haver uma escolha do caminho a seguir para adaptar o plano físico e alimentar após retirada. Ao contrário da elasticidade exigida na alta competição, o aumento de massa muscular é um dos fatores que é possível após saída do futebol, diz.

Após uma avaliação de objetivos e características de cada atleta, é possível criar um plano alimentar adequado. Com o avançar dos anos, as necessidades alimentares vão-se alterando. A profissional explica que, com a idade, o metabolismo basal vai diminuindo, ou seja, o atleta precisa de menos energia.

A nutricionista explica ainda que um jogador de 70 quilos que tenha mais três que o ideal perde quatro metros de avanço a cada 100, o que pode ser determinante entre “apanhar o avançado e evitar o golo”.

Apesar de ainda estar a uma época da retirada, João Tomás diz não ter feito alteração na sua dieta, mantendo os mesmo hábitos alimentares ao longo dos seus anos de atleta profissional.