Foi a 9 de outubro, no Dia Mundial da Saúde Mental, que o programa “Mais Nozes que Vozes” foi ouvido pela primeira vez. Um programa-piloto que, nas palavras de António Roma Torres, director do serviço de Psiquiatria do Hospital de Sâo João (HSJ) e mentor do projeto, serve para “dar voz” a quem, muitas vezes, não a tem.

E sete meses depois da primeira experiência, o “Mais Nozes que Vozes” já tem uma equipa definida, composta por alguns utentes portadores de perturbação crónica em tratamento no serviço do HSJ. Ainda assim, Sara Cunha, terapeuta ocupacional, garante que, em outubro, “não sabíamos até onde isto ia dar”. Mas depois da primeira audição do produto final “o feedback foi muito positivo”, garante.

Um programa onde a voz se torna aliada no tratamento dos pacientes. Sara Cunha lembra que “foi a partir do momento em que ouvimos o programa que percebemos que, realmente, há trabalho que pode ser feito através da audição da própria voz”. Ao JPN, a terapeuta explica que o “Mais Nozes que Vozes” pode servir para trabalhar as “competências sociais e de comunicação” dos utentes do serviço de Psiquiatria do Hospital de São João.

O “espelho” da realidade

Mário Machado, de 47 anos, é um dos pacientes envolvidos no projeto e garante que o “Mais Nozes que Vozes” vai trazer “um novo ânimo” ao HSJ. Depois de duas sessões de esclarecimentos que abordaram várias questões de trabalho em rádio, os utentes já se preparam para as gravações dos próximos programas.

Pedro Gonçalves é apaixonado por música e já fez rádio nos tempos de liceu. Ao JPN garante que o “Mais Nozes que Vozes” vai “rejuvenescer o serviço (de Psiquiatria do HSJ)”. Sara Cunha lembra que a maioria dos utentes ouve rádio e a justificação é simples: “a voz tem um efeito pouco ameaçador”, remata. A terapeuta lembra que a”a voz é tranquilizadora e pode ajudar no processo de tratamento” dos utentes. O “Mais Nozes que Vozes” vai ser, então, “o espelho do trabalho que é feito no serviço de Psiquiatria”, diz Sara Cunha.