Jacob e Wihelm Grimm eram os irmãos mais velhos de uma família de nove filhos e ficaram notabilizados pelo registo de vários contos tradicionais que, mais tarde, viriam a ser conhecidos por todo o mundo. Os Irmãos Grimm deram um novo sentido à expressão “Era uma vez…”. Nasceram no final do século XVIII, em Kassel, uma pequena vila situada na Alemanha. Durante pouco mais de uma década, os Grimm dedicaram-se à recolha dos contos tradicionais, popularizados oralmente.

Inicialmente, quando os Grimm começaram a sua recolha de contos populares, não idealizaram que estes fossem para crianças. A obra de três volumes tinha como público alvo académicos e intelectuais daquele tempo. O objetivo dos dois irmãos era o de fazer uma recolha com critérios científicos dos contos populares alemães. Jacob e Wihelm Grimm tiveram conhecimento de grande parte dos contos através do seu círculo de amizades e de conhecimentos. Dortchen Wild, mulher de Wihelm, forneceu mais de doze histórias aos dois irmãos.

Maria Tereza Cortez, do departamento de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro, afirma que “grande parte dessas pessoas era constituída por homens e mulheres relativamente jovens, de um estrato social situado na burguesia”.

Os “Contos da Infância e do Lar” estão traduzidos em mais de 160 línguas e dialetos. A primeira tradução foi feita na língua inglesa e abrangia não só um público alvo adulto, como também pretendia chegar às crianças. Era uma edição ilustrada e causou uma grande impacto na altura.

Maria Tereza Cortez diz que foi com essa primeira edição traduzida que “os contos dos Grimm começaram a ser selecionados e a surgir, também, em livros para as crianças”. Para assinalar os 200 anos da publicação, a Temas e Debates lança a primeira versão integral dos “Contos da Infância e do Lar”, em três volumes.

As suas publicações imortalizaram histórias como a “Gata Borralheira“, “Capuchinho Vermelho“, “Bela Adormecida” e “Gato das Botas“. Contudo, só passado mais de 100 anos da sua primeira publicação, em 1812, é que os contos dos Irmãos Grimm começam a ter a sua fama generalizada.

A docente da Universidade de Aveiro, acrescenta ainda que, “a partir do momento em que o Walt Disney se lembra de fazer os filmes de animação, os contos de Grimm ganham outros canais de difusão.” “Branca de Neve”, de 1937, foi a primeira adaptação da Disney para o cinema de um dos contos dos Grimm.

Atualmente, os contos têm diversas variações, muitos deles foram modificados e recontados. Contudo, Maria Tereza Cortez garante que “os contos de Grimm continuam a ter um lugar de topo, é uma realidade, e isso significa que não envelheceram”.

Bicentenário em Portugal

Os 200 anos da publicação dos “Contos da Infância e do Lar” não passou em branco à Universidade de Minho, que organizou uma exposição sobre o conto “Capuchinho Vermelho”. “Capuchinhos de todas as cores e para todos” é uma exposição bibliográfica que conta com vários registos, escritos ou ilustrados, acerca deste conto dos irmãos Grimm.

Para marcar também esta data, a exposição itinerante “Os irmãos Grimm – Vida e obra” chegou este ano a Portugal. Organizada pelo Museu dos Irmãos Grimm, a exposição conta ainda com o apoio da Associação Portuguesa de Estudos Germanísticos, do Centro de Investigação em Estudos Germanísticos, da Embaixada da Alemanha, do Goethe-Institut, da Fundação Marion Ehrhardt e da Universidade de Aveiro. A partir de 1 de agosto e até 31 de outubro, a exposição vai passar pelo Instituto Goethe.