A 18 de maio de 1912 abria, no coração da cidade do Porto, na rua Passos Manuel, o Cinema Olímpia. Na altura chamado “Olympia Kinema Teatro” foi aberto por Henrique Alegria, responsável também pela construção da sala.
Henrique Alegria trabalhou com e para a reconhecida produtora Invicta Films. Muitas foras as estreias no Cinema Olímpia. Em novembro de 1921, George Pallu, realizador francês, estreia “Amor de Perdição”, baseado na obra homónima de Camilo Castelo Branco. Sérgio Costa Andrade, jornalista e crítico de cinema do jornal “Público” considera a descrição dos tempos áureos do Olímpia de Henrique Alves Costa como a mais interessante.
Henrique Alves Costa, importante jornalista e crítico de cinema, acompanhou a evolução do cinema portuense na obra “Alguns Antepassados dos Cinemas do Porto”, onde o Olímpia figura como um dos mais importantes. “O melhor testemunho do que foi o Olímpia é, de facto, o que escreve o Henrique Alves Costa, que diz que o Olímpia nos anos 10, 20 e 30 fazia estreias do cinema alemão”.
A sala de cinema tinha lotação para 600 pessoas e, quando abriu, foi noticiado que tinha instalações modernas e luxuosas, com iluminação elétrica. Mas não foi só de cinema que viveu o Olímpia, onde também tiveram lugar alguns eventos musicais. Como aconteceu com o Cinema Batalha, foi comprado, mais tarde, pela empresa Neves & Pascaud.
Margarida Neves, neta do antigo proprietário, revela que o Olímpia ficou marcado por uma programação “popular, do tipo de filmes de cowboys”, pelo menos nos últimos anos da sua existência enquanto cinema, ao contrário dos cinemas Trindade e Batalha, que tinham mais cinema de autor. Nas décadas de 60 e 70 do século XX, o cinema já se encontrava em fase de decadência. Segundo Sérgio Costa Andrade passava uma “programação secundária”, marcada pelos “filmes de karate, quando esteve na moda”. “Houve um altura em que passou cinema pornográfico hardcore, em paralelo com o Teatro Sá da Bandeira”, diz.
Na década de 80 transformou-se em bingo, “porque o cinema deixou de dar resultados e foi vendido”, segundo explica Margarida Neves. Depois dos problemas que os bingos portuenses tiveram nos últimos dois anos, está de portas fechadas, sem perspectivas de futuro.
Juntamente com o Trindade, o Passos Manuel e o Batalha, o Cinema Olímpia retém muita da magia cinematográfica que parece demorar a ser recuperada. Sérgio Costa Andrade considera que, para a abertura destas e outras salas de cinema históricas, seria necessária uma “alteração dos padrões de consumo e da própria vivência do centro da cidade”. Contudo, pensa que o Olímpia seria dos últimos a entrar na equação. “Antes disso está o Batalha e o Teatro Sá da Bandeira”, refere.