O Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (FITEI) é o mais antigo festival de teatro do país e vai já na 35.ª edição, que decorre de 28 de maio a 3 de junho. O festival vai percorrer vários espaços portuenses, desde o Teatro Nacional de São João até ao Mosteiro de São Bento da Vitória, passando pelo Teatro Carlos Alberto, Teatro Helena Sá e Costa e Fundação de Serralves. O teatro português tem, obviamente, lugar marcado, sendo que a restante programação chega do Brasil, Espanha, França e Itália.
O festival inicia-se no Mosteiro de São Bento da Vitória a 28 de maio, com um espetáculo da companhia itinerante Footsbarn Travelling Theatre baseado na obra “Tempestade”, de Shakespeare. Antes, a 26 de maio, há um ‘prólogo’ em Guimarães – Capital Europeia da Cultura 2012, com espetáculos de rua das companhias espanholas Kinoa e Xirriquiteula Teatre, e “Quem não sabe mais quem é, o que é e onde está, precisa se mexer”, peça encenada pela brasileira Georgette Fadel.
Um dos destaques da programação vai para “Sinfonia Erasmus”, a 29 de maio na estação de S. Bento. Trata-se de um projeto que envolve música e multimédia, desenvolvido pelo FITEI com a comunidade de estudantes de Erasmus da cidade e dirigido artisticamente por Claire Binyon. Segundo Mário Moutinho, diretor do FITEI, “é um trabalho onde se pretende abordar aquilo que os estudantes estrangeiros trazem à cidade quando chegam, as suas músicas e os seus sons, mas também aquilo que levam quando partem”.
O Teatro Nacional de São João (TNSJ) recebe as estreias de “O Doente Imaginário”, peça de Moliére produzido pela companhia portuguesa Ensemble, e de “As Intermitências da Morte”, uma adaptação de José Caldas e Gianni Bissaca do livro de José Saramago. O TNSJ recebe, ainda, “Petra, La Mujer Araña y el Puton de la Abeja Maya”, espetáculo da coreógrafa espanhola Sol Picó, que parte do mesmo texto de “As Lágrimas Amargas de Petra von Kant”, em exibição no Teatro do Bolhão.
Programação de A a Z e de norte a sul
O festival chega também aos teatros Carlos Alberto e Helena Sá e Costa e associa-se ao Serralves em Festa, a 2 e 3 de junho. O FITEI estende-se às cidades da Guarda, Faro, Felgueiras e Viseu, com o espetáculo “Farfalle”, dirigido para o público infantil, pela companhia italiana Teatro di Piazza o d’Occasione.
Na programação paralela, o festival oferece exposições, ciclos de cinema, palestras, conferências e até lançamentos de livros. Os bilhetes para os espetáculos podem ser adquiridos na Loja FITEI, no número 64 da Rua Cândido dos Reis. O preço varia consoante os espetáculos, mas o preço mínimo é de 10 euros. Existe ainda a possibilidade de adquirir a assinatura FITEI, que permite a entrada em seis espetáculos à escolha, por 30 euros.
Mário Moutinho diz esperar, nesta edição, a mesma afluência de espetadores que transformou o FITEI numa “referência do teatro da Península Ibérica”. Ainda assim, para o diretor do festival, o sucesso não pode ser medido em termos de público. “O sucesso que perseguimos é ser competentes no tipo de trabalho que desenvolvemos, apresentar um festival de referência, com espétaculos que fazem parte da história do teatro nacional e portuense”, diz.
Cortes públicos e privados reduzem a duração do festival para uma semana
Numa altura em que os cortes públicos à cultura são uma realidade, o FITEI viu o seu orçamento reduzido em 38%. A isso, junta-se também um desinvestimento no setor privado e uma maior retração no regime de mecenato. A organização do FITEI viu-se obrigada a encurtar o festival, passando das duas semanas para apenas sete dias. “O festival ficou pela metade. Como é óbvio, ficaram por concretizar um conjunto de propostas que estavam idealizadas para esta edição”, garante Mário Moutinho.
O diretor do FITEI classifica de “preocupante” a drástica redução do financiamento público à cultura. “A nossa atividade é fundamental em qualquer país civilizado. A atividade cultural e a criação artística é essencial na formação de um povo. Estão em risco todas as estruturas e todo o tecido criativo, e isso não é de todo compreendido pelas entidades oficiais”, lamenta.