A partir de sexta-feira, dia 25 de maio, e até 17 de junho, o público pode viver a experiência de estar dentro de uma câmara fotográfica, no centro cultural Vila Flor (CCVF), em Guimarães. A iniciativa “Câmara escura” convida o público a assistir a um espetáculo sobre a história da fotografia, desde o início até ao surgimento da fotografia a cores. Além do espetáculo, existe, paralelamente, uma exposição fotográfica, uma vídeo-instalação e cursos de fotografia estenopeica. A partir de sexta-feira, existem dois espetáculos por dia, às 13h30 e às 15h00,onde só podem entrar maiores de 8 anos. A entrada custa dois euros.

A instalação performativa consiste “numa grande tenda”, que é a câmara estenopeica, onde o público é convidado a entrar e a “assistir a um espetáculo” sobre a “história da fotografia, dos tempos de Aristóteles até à fotografia a cores”, como refere Ricardo Seiça, diretor da iniciativa.

Ainda na mesma tenda é feita uma homenagem “aos edifícios de Guimarães” e ao universo dos saberes locais e tradicionais, como os curtumes e a cutelaria. Para concretizar o objetivo, a organização do projeto apelou à “memória de pessoas que passaram a vida a fazer o ofício” e tentou explicar “os processos dos produtos” feitos, segundo Ricardo Seiça. No caso dos curtumes, foram escolhidas peles e na cutelaria é mostrada uma faca. No entanto, há também um olhar para o futuro já que outra das componentes da homenagem é a robótica, com o apoio da Universidade do Minho. Estes ofícios foram escolhidos, de acordo com o diretor da iniciativa, porque comportam uma “atitude de ser vimaranense”, que acaba por ser uma “atitude de ser português”.

Um dos objetivos do projeto é a pedagogia, já que o diretor considera importante explicar às pessoas “o princípio básico da fotografia”. Enquanto criador, diz, é essencial experimentar “novas formas de usar o mecanismo da fotografia”. Em seguimento da preocupação pedagógica, existem “cursos de fotografia estenopeica”, com o nome “Guimarães no buraco da agulha”, para quem se quiser inscrever. Os trabalhos produzidos pelos alunos vão fazer parte da exposição, também presente no CCVF, com entrada livre.

As iniciativas contam com algumas parcerias, nomeadamente com empresas e instituições vimaranenses e com a Universidade do Minho. Ricardo Seiça refere que as pessoas receberam o projeto “de braços abertos” e tiveram sempre “uma atitude muito pró-ativa”. Conta também que não houve “qualquer resistência” pela parte das empresas, numa altura de crise em que “as empresas estão a aguentar-se como podem”. O diretor afirma, ainda, que, sem as empresas, “não seria possível” o projeto concretizar-se.

A magia do princípio básico da fotografia

De acordo com o diretor, a ideia da iniciativa “Câmara Escura” surgiu há alguns anos, quando teve de “construir uma câmara estenopeica” para um curso de fotografia. A partir daí decidiram fazer a experiência “a uma escala maior”, com a intervenção do público, conceito que “resultou”.

Ricardo Seiça conta que, nas primeiras experiências, houve uma “boa adesão”, já que o público considera “mágico” o princípio básico da fotografia. Algumas até “nem acreditavam” que o que viam “era possível”. Em seguida, foi só preciso adaptar o projeto a trâmites, como a importância de “envolver a comunidade, as instituições, a cultura”, exigidos pela organização da capital europeia da cultura 2012.